quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Lamá Sabactani



dema

Sem pressa, caminho pela vida,
para alongar a trilha curta do fado que presumo.

Choro por aqueles que a tiveram interrompida,
_ os corpos sepultados por lama rejeitada, _
viram sequestrada a própria vida.
Não emergem da tumba coletiva
os sonhos soçobrados ao peso do concreto
– Titãs, no Tártaro aprisionados,
sem direito de ingresso no Olimpo.
Tal a criança impedida de alçar a puberdade,
o filho de ser pai, a mãe de ser avó.
Ouço ressoar das profundezas o lamento crucial:
_ Eloi, Eloi, lamá sabactani!
E saber que, além, pode haver eternidade.

De volta ao meu umbigo, me conformo.
Vou seguindo, alforje mal distribuído,
leves por demais os sonhos futuros,
a contrapeso de boas lembranças e desatinos.
Chegar hoje, amanhã, tanto faz,
ao menos, até agora,
não surrupiaram meu destino.


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