dema
É
no poema que rezo meu credo,
proclamo
amor, incrimino maldade,
canto
beleza, ternura, amizade,
enalteço
paixão, grito teu medo.
É
no poema, que eu brado meu ódio
ante
qualquer tipo de covardia,
se
só a bondade é digna de pódio,
o
mal, sequer, existir, deveria.
É
no poema que choro o destino
de
quem jamais soube o que é ser feliz,
pois,
declinado do plano divino,
seguira,
na vida, o próprio nariz.
É
no poema que a ti me declaro
uno
minh’alma co’a que te tomei;
na
profusão de prazer sem reparo,
visto
meus versos com trajes de rei.
Ébrio,
aspiro o perfume das flores,
invejo-te
o néctar, qual colibri;
expilo
fel sofredor dos amores,
se
acaso me queres longe de ti.
Sorvo
da dor que carregas no peito,
da
solidão estendendo os teus dias,
da
vil saudade a roubar-te o direito
de
um coração vertedor de alegrias.
É
no poema que mato a saudade,
como
também nele te denuncio.
É
no poema que castro a maldade,
salvo
o amor de morrer por um fio.
É
no poema que sonho acordado,
faço
da noite uma só fantasia;
busco
tecê-lo sempre arrematado
co’a
joia mais fina, a poesia.
EM DEMASILVA
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