quinta-feira, 18 de junho de 2015

Entidades absurdas

dema

Eis que se me apresentam duas questões que, por interligação, subsomem-se reciprocamente, equivalendo-se a apenas uma:
- a matéria se autotransforma na eternidade ou consiste na própria eternidade em mutação?
Encontro-me, ao que se me afigura, diante de suas realidades ou, mais propriamente, duas entidades:
- a matéria, enquanto concreta, objeto dos sentidos, com características múltiplas e próprias, tais como densidade, volume, peso e que, sob ótica micro ou macrocósmica, está em contínuo movimento/transformação;
- e a eternidade, como entidade abstrata, concebível (quase tão só) quando vinculada ao elemento temporal, para mensuração da contínua transformação da matéria, isto é, o cronos, ou desta distanciando-se pela essência conceitual da ausência de princípio e fim.
A realidade concreta, sujeita ao permanente vir-a-ser, terá tido um começo? Brotou num determinado momento da eternidade ou, com esta, coexiste desde sempre (se é que se pode falar em “desde”)? Na hipótese de ambas coexistirem ab semper, facultar-se-ia entender que não se distinguem, consistindo exclusivamente em características diferenciadas do mesmo “ser”. 
Por óbvio, não se coloca em reflexão aspecto religioso, sob pena de se imaginar (crer) Deus como eternidade incriada, substrato de toda existência, logo, criador da mutante matéria a partir do nada (sendo possível dizer-se “do nada”), dado o absurdo do admitir-se um ser autoexistente sem começo, mesmo porque característica imprescindível da perfeição; doutra feita, ter-se-ia que aceitar o absurdo da matéria eterna em contínuo processo de transformação, o que equivaleria a um panteísmo.
Absurda qualquer das concepções, o fato é que a realidade material é concreta, sensível ao ser racional. A (minha) mente não consegue distinguir entre os absurdos que correspondem à eternidade dessas entidades, aqui o limite da (minha) razão.
Não serão, outrossim, argumentos científicos que permitirão compreender o absurdo da eternidade, seja enquanto entidade abstrata, seja enquanto matéria com ela se confundindo, em transformação permanente.
Então, perco-me em conjecturas. Alguém responde?



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