domingo, 22 de março de 2015

Mulher (paródia)


dema


Já tinha cacho,
todavia, na falta de gente,
macho indiferente.
Um tanto infeliz,
nenhum afeto, porém, dono
do próprio nariz.

_ Obra fajuta?
Ah, nem!
Com minha batuta
dar-lhe-ei um bem.
Espero que mereça,
no entanto, com ele, vêm
dores de cabeça.
Que sejam felizes,
se tornem matrizes
no Éden e além.

_ Obrigado, Senhor,
que coisa mais linda,
esta flor tão cheirosa,
de afeto, de amor,
dedicada, bondosa
e comporta, ainda,
o que carece em mim.
Sou feliz enfim.
Contudo, Senhor
de grandeza infinita,
dela sinto temor;
de quão esquisita
não sei donde vem.
Por ela eu peco,
eu mato e sapeco,
não temo ninguém.
Só por cremes, perfumes,
me causando queixumes,
(por que assim perdulária?)
vai até o fim do mundo,
fica a conta bancária,
é claro, sem fundos.
Uma vez me disseste
que de mim a fizeste.
Duvido que sim.
Penso que a tiraste,
pra dar a este traste,
de um outro jardim.
Ao que me parece,
nada tem de terrestre.
Mesmo se reclamo,
Tu sabes que a amo.
‘Stou sempre a dizer,
inda que sem querer,
“pois não, sim, senhora”.
Humilde, suplico:
nunca a leves embora.


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