sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Chora, viola.


dema

Se acaso chora a viola,
eu choro fora de hora;
ao ver que a lágrima rola,
m’envergonho, vou-me embora.

Saudade bate no peito
e arrocha meu coração,
não posso pensar direito,
em mim, sou todo emoção.

Lembro-me dos velhos tempos,
quando eu rifava amores;
hoje, talvez a destempo,
da solidão rifo horrores.

Sinto na alma as agruras
que a vida trouxe pra mim,
u’a cesta só de lamúrias
pr’um viver chegando ao fim.

Se eu fosse meu próprio dono,
teria me garantido
saúde, paz e bom sono,
de amores, o mais querido.

Ei, chora, viola, chora.
Juntos, podemos chorar.
Manda a tristeza “simbora”,
cede à alegria o lugar!

Um tempo ao menos nos resta
de vida com ilusões
para brindarmos em festa,
deixarmos de ser chorões.

Canta, viola, comigo
ou chora, mas de alegria.
Cantar eu gosto e consigo,
pois minha vida inda é dia.





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