sábado, 7 de janeiro de 2012

A verdade


dema

Muita vez me pergunto:
e a verdade, o que é?
Ponho-me a pensar e chego conclusivo:
é o que é, nada mais, nada menos;
correspondência integral de algo a si mesmo,
essência do ser em si.
Quanto ao juízo ou conceito daquilo a que se refere:
declarado lhe corresponde? - eis a verdade;
dele difere? - olá falsidade!
Coerência e integridade,
não se parcela;
basta-se a si mesma e ao que a encontra.
Simples, dispensa acessórios,
prescinde da carruagem, do candelabro:
vem sozinha e brilha por si só.
Inda que em contrário se pense,
não nasce do subjetivo,
muito menos do consenso.
É pura, inocente.
O que é, é; o que não é, não é – veja a verdade!
Tênue lâmina a separa da mentira.
Esta, sim, pode ser graduada,
sempre mentira, porém.
Se a verdade, às vezes, dói,
cura, satisfaz.
A mentira fere, maltrata, mata.
Não se basta. Tem penduricalhos, se enfeita,
se subjetiva, se consensualiza, se oficializa.
Mas é obscura, sem brilho,
correspondência, coerência, inocência.
Porquanto a verdade integra,
a mentira desintegra, desassocia, desbarata, infeta.
À verdade: amém!
À mentira: desdém!



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