sexta-feira, 26 de março de 2010

FAZENDA DA PINDAÍBA

Ana de Brito Pereira *

Terra querida e abençoada,
Onde minhas raízes eu plantei,
Onde fui muito feliz,
Colhendo a paz que sonhei...


Daquelas águas queridas,
Que rolavam por terra!
Águas alvas e mansas,
No córrego da Pindaíba.


Quando o sol despontava,
Os canarinhos a cantar,
Chamando suas companheiras,
Para juntos o rei saudar.


Também o pássaro preto,
Entoava sua linda melodia,
No poleiro cantava o galo,
Anunciando o novo dia.


Perto da minha janela,
Os pássaros cantavam, eu sorria
No galho da mexeriqueira,
Espalhando doce alegria.


O majestoso poeta sabiá,
No alto da laranjeira,
Entoava lindas canções,
Junto às suas companheiras.


Do paiol nunca esqueço,
Cheio de milho sempre foi,
Em uma varanda descansava,
O velho carro de boi.


De manhã bem cedinho,
Meu querido pai cangava os bois,
Alegre saía para o serviço,
Para voltar depois.


Gemendo a boiada saía,
O carro a cantar,
A linda cantiga eu ouvia,
Esperando meu pai chegar.


O som do seu berrante,
De longe a gente ouvia,
Nosso pai com a boiada,
Na estrada descia.


Também do ipê amarelo,
Aonde a gente se entretinha,
Brincando horas e horas,
Ali passávamos o dia.


Daquela varanda modesta,
Jamais consigo esquecer,
Minha querida mãe tecia,
Colchas para nos aquecer.


Ao pé da grande gameleira,
Testemunha de nossa felicidade,
De balanço brincávamos,
Oh... quanto sinto saudades.


A grande laranjeira,
Que tantos frutos deu,
Deixo com carinho,
Lembranças de um passado meu.


Na jabuticabeira do curral,
Cantava alegre o bem-te-vi,
Na sombra do bambuzal,
Arrulhava o juriti.


No curral mugia a vaca,
De lá relinchava o cavalo,
No chiqueiro roncava o porco,
À noite subia o doce orvalho.


Adeus velha morada,
Adeus córrego querido,
Adeus lindas mangueiras,
Adeus jenipapo amigo.


Adeus Pindaíba querida,
Que nunca mais esqueci,
Como perdi meus queridos pais,
Que muito, muito sofri.

* Ana de Brito Pereira é vovó de Rita,
o "amor do Daniel", meu filho, como
diria minha nenê mais nova, Kateriny


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