segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Amizade



dema

Há certas coisas que o tempo não corrói.
Se verdadeiras, e hão de ser, se eternizam.
Não importa o lapso cronológico ou o espaço,
firmes e fortes permanecem.

_ Inda me lembro que quebraste meu brinquedo.
Chorei, bati. Com certeza, belisquei-te.
E choraste de doer meu coração.
Te abracei, te perdoei, pedi perdão.
Depois, folguedo.

Quão gostoso era chorar as namoradas,
na cachaça, afogar toda paixão.
Clamar, sorrir, pensar futuro,
fazer juntos e ajudar o que em apuro.
Longas noites de estudo.
_ Que dureza!
Finalmente, a colação e o mercado.
_ Quem puder informe, empurre!

Corolário natural: ser padrinhos e compadres.
O encontro, a prosa, a carteira, o tempo.
Divide-se o que se quer.
Longe o ‘salve-se quem puder’.
E há conselho, “dura” até, mas sem ofensa.
O que não vale é se perder.
Sentimento nobre, de rico, de pobre.
Harmonia, pertinência, bom fluir.

Facada funda, do lado esquerdo, a partida:
uma dor doída,
um cheiro de desconsolo,
um vazio de perda,
um olor fúnebre na poesia da vida.

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