"NUNCA É TARDE" é um blog que divulga ideias e produções que podem incrementar sua bagagem cultural. Traz textos profissionais, religiosos, literários, filosóficos, dentre outros.
“Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo” (Fernando Pessoa)
Ensimesmado eu o vejo, fechando o círculo em si, girando no próprio eixo e todo o universo está ali. Busca sentido pro verso dobrando as mesmas palavras. Estaria nisso seu estro ou no modo como as conchava? Mas é inegável a beleza em inspiração tão fecunda pra descrever a tristeza, que a todo o tempo o circunda. Alma de aura arroxeada externando o choro da vida, como se a morte almejada viesse a ser sua guarida. Lê-lo traz gosto de fel e o sentir de um belo estranho, pois lembram-me os versos que o céu se fizera pra outro rebanho. Quisera enganar a Deus, para lá segurar seu lugar, criando heterônimos seus e assim poder se safar? Não me parece, contudo, senão criação genial a instigar muito estudo da obra fenomenal, que eu, simplório e matuto, a enxergo tal e qual: jeito triste de ver a beleza, mas belo em cantar a tristeza.
Solitário de fibra não vive sozinho e se o faz, é só. De si não tem dó. (Sozinho é corno de biqueira, sem eira nem beira.) A tudo ausente, satisfaz-se em mente: deita-se com a solidão e, beijando a melancolia, se delicia. Vê beleza na tristeza. Com doçura, abjura a alegria. Enquanto pensa em T(t)eresa, acaricia a amargura. Enoja-o a festa, nenhuma lhe presta. Solitário de fibra não se agarra ao trecho, busca logo desfecho. Se brota o ensejo, se apunhala, ao desejo e se mata. Oh! É só.
Mamãe iletrada lê meu coração com fluência, vasculha minh’alma e, com opulência de calma, desembaraça aflições que me levam à demência. Se a tristeza prima, confirma-me as causas, orienta; se impera a alegria, dela compartilha e faz sua. Sem bengala se arrasta, atravessa a rua, a fazer-me visita. Pra ser honesto, às vezes, irrita. Se a ofendo, finge que não se apercebe ou insinua que a razão é a rotina, o trabalho, a fadiga. Eu que o diga! Se tem algum desejo, raramente o diz E se o diz e não faço, será quando eu puder. A ela está bem quando me aprouver. Mamãe iletrada conhece todos os banhos e chás, benfazejas ervas da horta verdinha cada dia me traz. Se delas desfaço, a ela tanto faz. Amanhã trará mais. No fundo, no fundo, ela quer é me ver. Velhinha, talvez imagine que noutra esfera não mais o fará. Ledo engano, mamãe. Se morei em seu ventre, ter-me-á para sempre e do seu coração ninguém há de tirar. Tolo que sou, não lhe dar muito amor, carregá-la no colo de volta pra casa, fazer-me as vezes de sua bengala, abrir meu coração e dizer-lhe, ao menos uma vez: que a amo trinta dias por mês. ...
Não quereria ser Deus ou já teria pirado, oh, que sina a do coitado: é toda essa gente carente, cheia de pecado, rezando, pedindo, implorando pra ser atendida tal o solicitado. Eu já teria pirado...
Se fosse Deus e devesse atender esse povo safado, faria por atacado. Só os pedidos de mãe me deixariam esgotado. Eu já teria pirado...
Com tanto poder, sem poder pegar a prainha do lado, tomar uma cachacinha e tirar um soninho dobrado. Eu já teria pirado...
Sei lá, talvez até isso tenh’ acontecido e Deus se enlouquecido. Não terá sido à toa que deu o seu filho querido para ser crucificado. Ai, que sina, meu Deus! Tudo por seu povo amado.
Pior, nem morrer Ele pode, pois vive para a eternidade. Imagine a vontade de Deus, de trocar-se pela criatura em vez de ser um incriado. Antes morrer para sempre e se livrar de um povo abestado.
Ah, que sina, Senhor, que fado! Quão pesado há de ser o seu fardo. Eu já teria pirado...
Esta é a 4ª edição do TRUCO ENTRE AMIGOS, realizada na casa de www.demaisilva.com.br , isto é na casa de Dema e D2s. Das 12:00 às 20:00 do dia 06/05/12, nos confraternizamos, amigos de D2S e de Dema (pesca e serviço). Um torresminho, churrasco, Germana & Montanhesa e todo mundo a “Sub zero”. Ambiente saudável, bom mesmo de se curtir. Falando de truco, Ricardo e Andinho levaram o ouro; Samuel e Carmona saíram prateados. Nós outros, com os olhos vermelhos (por que será?).
Aguardo ansioso a dor da despedida Pra saber o quanto a amo e se a quero. Se nada sentir na pré-ausência dita E confirmar-se que de amor eu seja estéril, Talvez me desespere.