Páginas

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

É no poema


dema

É no poema que rezo meu credo,
proclamo amor, incrimino maldade,
canto beleza, ternura, amizade,
enalteço paixão, grito teu medo.

É no poema, que eu brado meu ódio
ante qualquer tipo de covardia,
se só a bondade é digna de pódio,
o mal, sequer, existir, deveria.

É no poema que choro o destino
de quem jamais soube o que é ser feliz,
pois, declinado do plano divino,
seguira, na vida, o próprio nariz.

É no poema que a ti me declaro
uno minh’alma co’a que te tomei;
na profusão de prazer sem reparo,
visto meus versos com trajes de rei.

Ébrio, aspiro o perfume das flores,
invejo-te o néctar, qual colibri;
expilo fel sofredor dos amores,
se acaso me queres longe de ti.

Sorvo da dor que carregas no peito,
da solidão estendendo os teus dias,
da vil saudade a roubar-te o  direito
de um coração vertedor de alegrias.

É no poema que mato a saudade,
como também nele te denuncio.
É no poema que castro a maldade,
salvo o amor de morrer por um fio.

É no poema que sonho acordado,
faço da noite uma só fantasia;
busco tecê-lo sempre arrematado
co’a joia mais fina, a poesia.









EM DEMASILVA

Nenhum comentário:

Postar um comentário