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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Ocre tristeza


dema


Imensa tristeza paira no ar,
em mistura de vermelho e amarelo;
seguramente, brotada do olhar
que a alma lança do próprio castelo.

Espelham, seu olhos, mui claramente,
que há grande ilusão na alma contida;
ferida aberta, neles, refletida,
ao certo, por amor inconsistente.

Pureza nobre em face meiga e bela
que o tempo lapidou enternecida,
desde menina-moça, Cinderela,
ressalta, agora, mais robustecida.

Impossível furtar-me desse ímã
que incrementa o querer unir-me a ela.
Minh’alma ser-lhe-á irmã ou prima?
Donde vem tal poder que me atropela?

Qual porquê desses olhos tão gulosos
de dominar, num só lance, o infinito
suplicando, a nós outros, curiosos,
socorro pra se ouvir seu forte grito.

Então, fico a pensar o que seria
se a ilusão, de repente, se esvaísse,
se a esperança de amar se lhe fugisse...
sorte maior, a morte lhe traria.



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