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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Incompletos


dema


Jamais hei de completar-te por inteiro,
como  a mim, por certo, não o farás.
É da humana criatura o querer-se criador,
o nunca conformar-se com o finito,
a busca da perfeição, do completo;
fugir da efemeridade,
intentar eternizar o tempo.
“Tal o definido amor camoniano”,
ser humano “é nunca contentar-se de contente”,
buscar o mais que gera o mais.
Frente ao divino, universal,
nosso amor é meio termo,
como se a sombra do real,
no mito da caverna, de Platão.
Não me culpes, pois, se não tens a felicidade toda.
Ou imaginas que me fazes Baco embebedado?
Indaga a Deus se o querer tem limites
e, à mais feliz de tuas amigas,
se não guarda uma ilusão ao menos.
Inda que fosse eu teu príncipe encantado,
mais ou menos dia, me verias sapo.
Não te iludas, nem desprezes a recíproca.



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