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terça-feira, 26 de maio de 2015

Onde flutuava a flor de lótus

dema

Posseidon na terra newar?
Aqui não há mar.
Quer a flor de lótus viçosa do lago?
Cadê lago, se Manjushri, à espada, o drenara?
Nem flor, pois que então já pousada.
Raivoso, sacode as placas tectônicas.
Que se curvem ante si
os altos picos himalayas!
Sidartha, Senhor, por que não vigiaste?
Dormias acaso no Boudanath?
Vishnu, Garuda, Shiva,
poderosa deusa Kali,
onde estáveis todos, que não nos socorrestes?
Enquanto os cultuávamos em Durbar,
Hanuman, Taleju, Jaganath, Changu Narayan,
mui perto de nós,  estupefatos,
a terra gemeu
e a vimos tremer.
Tão só os escombros dos templos e casas
sobre nossos ombros.
Consumiu-nos o pó.
Vivos, inda somos muitos.
Contudo, não há o que comer,
o que beber, o  que curar.
Não tendes dó?
A lágrima pelos mortos sepultos
não carrega beleza.
Que da gente, etnias múltiplas?
Que da gente, subjugada sempre?
Onde enterrar os milhares de corpos?
Donde a grande Katmandu,
demais cidades e vilas?
Valha-nos, amigo do exótico,
admirador do excêntrico!
A fé, entretanto, nos alimenta o dharma.
Ressurgiremos.
Hare Krishna, hare!!!



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