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domingo, 30 de dezembro de 2012

E depois...

dema
Por detrás do horizonte
abre-se o infinito
à espera de um grito
pra então ressoar.
Sem outro horizonte,
sem prado, sem monte,
sem direita, sem esquerda,
sem “up”, sem “down”,
sem plano, sem prumo,
sem rumo e sem chão.
Lançar-se é preciso,
o primeiro passo,
no etéreo espaço,
planar ou voar
sem frente, sem costas,
sem terra, sem céu,
sem ar e sem mar.
Há buscar nova luz,
procurar uma estrela,
livre, solto, sem peso
sem asas, sem cruz.
Retornar, impossível,
crer, há de no incrível,
viver, necessário,
nesse sacrário
onde Deus vai estar.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Vem, menino!


(dema)
 

Hoje o sol não se mostrou,

pediu folga.

Embebedou-se em Moscou,

beijando Olga.

O dia parece finados,

garoa e nublado.

Na manjedoura ruminam os bichos,

junto ao nicho,

no aguardo do menino-Deus,

(desta vez com capricho).

Ansiosos estamos todos:

o que Jesus nos dirá?

(Se o mundo não acaba hoje,

quando acabará?)

Vem ele dizer-nos “oi”,

dar-nos adeus

ou nos buscar?

Esse  mundo besta

não é o que dera.

Por longas eras,

um paraíso;

hoje, um “para com isso”:

que ganância,

que fome na abundância!

Que droga,

que miséria!

Moral virou pilhéria;

amor, despudor.

Limiar do ocaso

ou nova primavera?

Vem, menino,

vem de novo  nos redimir!

Ser o caminho e a luz,

matar a fome do povo,

fome de paz,

fome de amor.

Vem e reluz.

Desembebeda o sol,

dá-lhe muita água e sal,

depois, um sonrisal.

Numa boa,

leva embora essa garoa,

faze da luz um varal

e nele grava:

ao menino e a todos,

Um feliz natal!!!

 

 

Em 21/12/12

 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Tragédia de ofídio

dema

Faz bem ou mal
engolir cobra ao natural?
Já vi fêmea engolir,
nada de anormal.
Gente que tem cobra
também, sem fingir.
Epa, aí tem!
Opa, foi mal.
Vi piau morder minhoca
e milho de pipoca;
piranha cortar muçum,
coisa comum;
tucuna bocar tuvira,
sem mentira;
barbado minhocuçu,
isca boa pra jaú. Enfim,
até pra surubim.
Mas perseguir cobra n’água,
dourado? É o fim. Afim?
Cobra zig, cobra zag.
Pra onde ir ela sabe.
Desliza pra fora d’água.
Dourado salta, se debate,
pede água, nó sem desate:
sem oxigênio no ar.
Cobra se enrola, põe língua, ri.
Vai gozar:
_ Guri, tchau!
Dourado?
Babau...



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Trinta de casado

dema

Pensei fazer uma festa
nos meus trinta de casado,
sentei-me com minha mulher
pra escolher os convidados.

Começamos pelos Montes,
depois Vale, depois Prado;
não podemos esquecer
o amigo Chico Cerrado.

Instar a família Rios,
que mora perto dos Lago;
também o filho dos Mares
será nosso convidado.

Longe de nós Cachoeira,
pois que venham os Pereira;
ah, filha do Neca Pinheiro,
Sônia do velho Ribeiro.

Vejamos se Vera Rocha
pode com Selva falar,
e com Campos mais Cabrocha
que nos viram ante o altar.

Bem lembrados Oliveira,
pai de Joana Jatobá,
o Waltinho de Aroeira,
Carvalho e a noiva Zilá.

Já anotamos o Parreira
e Ieda Ferramenta,
após poeta Ferreira
e Goiabeira, a parenta.

Os Horta, os Pimenta e os Lima
poderão dar uma mãozinha
pra fazer clima de festa
até mesmo na cozinha.

Frutuoso e os Laranjeira,
os Leite e os Macieira
tragam os Chaves, os Machado
com Cruz e Correia ao lado.

Alegres com seus amores,
Flor, Floriza e Jasmim,
Dália, Rosa e outras Flores
estarão junto aos Jardim.

Não há faltar Margarida
nem Acácia ou Açucena;
se a primeira é tão querida,
as demais não fazem cena.

Estrela e Jânio Quadros
far-nos-ão uma seresta,
chamarão compadre Sax
para animar mais a festa.

Pra botar fogo no frevo,
vem a turma da pesada,
turma boa, à qual me atrevo
em chamar de bicharada:

Os Leão, Gato e Carneiro,
Bezerra, Coelho e Galo,
Aranha, Lobo e Cordeiro,
depois dos Pinto eu me calo.

Mas da turma da folia
esses outros inda são:
Leitão (não faltaria)
tal os Canário e os Falcão.

Para se evitar problema,
vêm Jesus e os São José,
Santiago e Madalena
e os Santos de muita fé.

Ao Batista pediremos
que arraste os Santa Rita;
do ’Spírito Santo temos
já seu cartão de visita.

Vamos deixar combinado,
para o que temos razão:
não queremos os Brochado,
muito menos o Tristão.

Que a festança seja boa,
nem precisa de presente.
Esteja seco ou de garoa,
_ sê bem vinda, minha gente.