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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os três peludinhos


                                                                                dema
Três peludinhos dormem o sono dos anjos bons.
São dezesseis horas e vinte minutos.
Conhecem os próprios nomes e donos,
se estão ou não com fome.
Distinguem afeto de grosseria.
Um deles canta comigo quando assovio.
Imagino que o faz porque a melodia lhe agrada
ou porque o som fere os tímpanos de seus aguçados ouvidos.
Possivelmente goste, porque não morde e nem foge.
São fiéis e carinhosos.
Preferem estar sempre perto.
Se pensassem, talvez fossem diferentes.
Perceberiam meu egoísmo, minha indiferença e
não mais me amassem ou jamais teriam me amado.
Quando muito, em som mal uivado,
pelo alimento diriam obrigado.
Não se sabem passageiros,
não se mostram acabrunhados.
Em largos leques abanam as caudas e ganem ansiosos
se há sorvete açucarado,
se de leite há pão molhado.
São por demais curiosos com o que ocorre ao lado,
festivos ao visitante,
arredios, se desconfiados.
O que restará deles daqui a dez anos?
Quiçá lembrança:
do papai Sushi, nariz de figo;
da Bebel, filhinha que nem cruzou;
do Tutuco, o gordo lambedor de olho.
São dezesseis e quarenta.
Ainda dormem, ressonando, o sonho dos anjos bons.
...

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