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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

No El

dema

Renas encangadas a um trenó,
levitando entre estrelas mil,
sobrevoam o imaginário.
Conduzem Santa Klaus de polo a polo
(velhinho obeso, longa e alva barba,
gorro e vestes largas escarlates e emplumadas),
com enorme saco de presentes,
que as chefes mães e os mal trajados pais
hão de lhes ver debitados.
Eis que desponta a estrela d’Oriente
com raios multicoloridos, quais desejos do povo, que,
menos pessoas e mais massa,
esposa os reclamos de consumo
e se esbalda com as sacolas de dez a vinte e quatro prestações;
ou com o peru rechonchudo a comer
amanhã o mingau das crianças
e a bicar fundo o material escolar do ano próximo.
Jingles de marcas e imagens excitam apetite e mentes desse povo crédulo, seduzível, inocente.
Noite Feliz e “Jingle Bells” cedem o espaço para a magia de “Happy Christmas” do mago Lennon fazer o fundo melódico natalino.
Trazendo à baila a servidão industrial,
vendedores temporários cobrem, suados,
as dezoito horas diárias.
Empanturram-se as gavetas dos “antes, ores e istas”
(fabricantes e importadores, distribuidores e atravessadores, financiadores e varejistas).
A ilusão sacia estômago e mente:
massa feliz, mundo demente.
Não vejo o menino-Deus chorar. Não nasceu.
Prescindível novo Herodes.
Basta o pecado “capital”.
...

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