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sábado, 30 de abril de 2011

Entrega

dema


Se apenas a quero
Pra afogar meu desejo,
Seguramente me amo. 
E se tão só
aos seus desejos me entrego, há,
Talvez, engano. 
Se me inclino a lavar
E a beijar-lhe os pés,
A servir-lhe sem o soldo que merece o aio,
Com certeza,
A amo. 
O amor se manifesta
No simples gesto de ela pôr a mesa
Ou quando ele se levanta
Pra servir-lhe a sobremesa.
           ...............

terça-feira, 19 de abril de 2011

Efêmeros momentos

                                          dema

Súbito, em meio à vida...
O coração dispara – todo emoção.
Antes tão calma, no impulso,
Inflama-se a alma.


Recusa-se a mente
Eternizar o fluxo da corrente.


Ilusão?
Regresso?
Amor-paixão?
Evasiva do insucesso?


Realidade bruta cerceia o sentimento
E, compulsoriamente,
Impõe retorno ao presente.


Dos efêmeros momentos de ternura
Resta,
Qual ressaca de festa,
Suave lembrança ao sabor de amargura
                           ......

sábado, 16 de abril de 2011

ESPERA

Dema

A moça passa
Absorta em lembranças
Da última transa,
Enquanto duas crianças
Se equilibram no carrinho de mercado
Que a incauta mãe empurra
Pelo saguão do aeroporto.
O relógio espreguiça de braços abertos
E lentamente mede em décadas
Os minutos de horas
Que antecedem a partida.
O banheiro na espreita
De minha quinta visita
E o barbudo de terno
Fedendo à pipoca
E celular ligado
Impede o raciocínio
Que me induz ao fecho.
Entre vozes,
Solitário,
Refugio-me
No sabor amargo
Do terceiro chope
Que tomei ao lado.
Como o nauta ao leme
Em nevoado mar,
Sulco o infindável tempo
De espera.
Ô miséria!!!

* DESTINO

dema

Se o poema é incógnita pura,
Na certa, o destino é a cesta,
Na segunda ou na terça,
Na quarta,
Na quinta ou na sexta.
No sábado se bebe,
Domingo, se dorme.
Segunda, ninguém se lembra da cesta
De segunda a sexta.

Se o poema é evidência pura,
Nada desperta,
De segunda a sexta e
Seu destino é a cesta.

Se o poema se encaixa,
Encanta, calha,
Seu fado é o eterno plural,
Não encalha.
Como tal,
O aedo sortudo,
Em camiseta,
Sobretudo,
Imberbe,
Barbudo,
Extrovertido ou
Sisudo.
Palmas e louros
Ao vate
Emplacado.

 *Poema expressivo do presumível
princípio basilar que delimita a
liberdade poética, segundo o qual
"É vedado a um simples arroto
arvorar-se em essência de poesia."









SÃO LUIZ (DO MARANHÃO)

dema


O que tem de quente e úmido, tem de histórico e exótico. Por necessidade, tivemos de conhecê-la, como descer ao interior pela BR 135. Por essa rota, ladeada insistentemente pelo babaçual, transita-se entre o histórico, o novo, o rústico, o inusitado e o pobre.
Esplendorosos palácios do Reviver contrastam com os condomínios de taipa cobertos de folhas de babaçu a margearem a movimentada e pouco regrada 135.
E haja ar condicionado para amenizar o sufocante calor úmido de inverno na região. Dizem que setembro e outubro é que são realmente quentes.

Numa cidade do interior, com mais de 50.000 habitantes (Coroatá), disseram: não há rede de esgoto. E o trânsito, embora cordial, é intenso, de bicicletas, motocicletas, automóveis e animais. Admiráveis motos solidárias, transportando de três a mais pessoas por vez. E se chove, tornam-se conversíveis e abrem capata de guarda-chuva, seguro pelo passageiro da cozinha. Eia, Piteira Grande.

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domingo, 3 de abril de 2011

Redundâncias óbvias

                                           Dema

Ululante inferência evidente.
Ah! Tolice? Que horror!
Brincadeira inocente
Pra se ler de bom humor.

Constatei num certo dia
Que nascera e vivia.
Se não tivesse nascido,
Eu jamais aqui estaria.
De morrer? Eu não duvido.
Disso tenho garantia.
Estou cansado de saber:
Semente eu não posso ser.

Burrice mental? Nem ver!
Tinha ânsia do saber,
Ser amigo da sofia,
Mesmo em vã “filosofia”:
Com raciocínio profundo
Máximas eu construí.
Haverá alguém mais no mundo
Pr’assim poder proferir: ?

“Qualquer coisa é qualquer coisa
e vice-versa também”.
Se vice é versa, não sei,
mas versa vice é amém.

“Avesso de ‘nada’ é ‘tudo’,
Mas, então, o ‘nada’ já é.
Se ‘nada’ é, não é nada,
Sequer o avesso de ‘tudo’”.

“Importante é o principal”,
Eis aí bom corolário.
Mesmo se fenomenal,
“Todo o resto é secundário”.

Bem-me-quer e mal-me quer,
Faça sua dedução:
“Salve-se quem puder,
Trumbique-se quem não”.

                   ...