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segunda-feira, 30 de março de 2009

PASSION


VOCÊ




É DÁDIVA DIVINA
QUE ME ENLOUQUECE
E ME FASCINA.


RESPOSTA DE DEUS
ÀS SÚPLICAS MINHAS.


MEU SONHAR,
MEU SENTIR
E MEU VIVER.


MEU TUDO E MEU NADA,
MINHA FORÇA E FRAQUEZA,
ALEGRIA E TRISTEZA,
MEU QUERER NÃO QUERER,
MEU SORRIR E CHORAR,
MINHA SOLIDÃO,
MINHA MULTIDÃO.

FONTE DE DESEJOS,
SACIAR DA MINHA SEDE,
MINHA FLOR,
MEU FARTAR DE AMOR.

MINHA ESPERANÇA...
E MEU DESESPERO...



DEMA

REUNIÃO DE AMIGOS

Na última sexta-feira, 27/03/09, fizemos uma reunião, em casa, dos amigos da SRF I UBERLÂNDIA. Compareceram membros da equipe com seus familiares. Um churrasco, cachaça de primeira, cerveja, sobremesa, muita alegria e cantoria. Estiveram presentes conosco: Edgar e família, William e família, Ana Cláudia e marido, Norma, Liliam e namorado, Romério e esposa. Além da turma da Superintendência, pudemos contar com Carmona e filho, Joaozinho e família, que juntamente com William, propiciaram-nos muita cantoria. Presentes, com muita honra, José Márcio e esposa, Armando e Namorada. Minha família esteve completa e contamos com valiosa colaboração do João Welton e Maria Abadia (cunhados). Valeu a pena. Eis altumas fotos.

terça-feira, 17 de março de 2009

ISTO POR ISSO




DEMA


De que adianta a tinta, a pena?
Querer descrever o mundo,
a vida,
se me falta o tema?


Pudera fosse livre minha poesia,
como as aves, sem ruas ou becos,
voando ao léu da brisa,
ora subindo, ora planando,
às vezes indo, outras voltando!


Pudesse a chuva molhar a mente
e surgirem brotos de imaginação!
Mas a mosca que me atormenta
sequer permite
que eu ouça o grito do amor ferido
ou os acordes de um violão.


Foi-se. Gratias agamus!
Agora é a chuva
cantando triste, baixinho, lá fora,
molhando a mágoa que me resta na solidão.


Esta chuva mansa,
quando eu ainda criança
ninava meu adormecer,
fere, agora, disfarçada,
a doce lembrança
da infância,
da molecada.


Só mesmo Deus prá controlar o mundo,
entender a fundo o que acontece.
A uns é triste quando anoitece,
a outros, se raia o dia:
se chove, há barro, mas esperança
do fruto verde na plantação.
Se o sol é quente, o homem súa
mas se há nuvem, tapa a lua,
quando à noite,
na praça escura,
os dois se arriscam ao primeiro beijo
e se alguém vê, logo insinua ...
saiba Deus o quê!


Quem pensa muito
descrê no mundo,
assusta os homens,
lembra da vida e logo percebe:
ela continua!!!

domingo, 15 de março de 2009

REALIDADE DE GAROTO



Afonso Cavalcanti cavalcanti afonsoc3@hotmail.com


Às crianças de Bragantina, PR





Ser garoto pequeno
é não sentir ainda ser grande.
É ter vontade de ser homem
e querer falar como os rapazes falam, merecidamente, para as moças.



Ser garoto pequeno
é sair da escola
e colocar os olhos no olho da rua.
É descer chutando pedrinhas como se vivesse a maturidade.


Ser garoto pequeno
é estar no tempo.
É permanecer na rua das meninices.
É pensar em andar e esperar pelas respostas dos homens grandes.


Ser garoto pequeno
é ter o coração de criança.
É estar dia e noite fazendo trapaças.
É ser menino e olhar para o caminho onde foram os que cresceram.


Ser menino
é ter carinho,
é não ser o que sou hoje: CRESCIDO.

sábado, 14 de março de 2009

SUICÍDIO



DEMA


Ela está pálida e fria.
Em seus lábios, a insolidez imensa
de um viver tão breve,
jamais alegre.

Das pálpebras mortas
um olhar distante,
lá longe, bem longe,
no seio do nada.

U'a melancolia rompe
do ser imóvel, vazio,
por não suportar que seja
como querem os seus.

Odor suave invade a sala,
que a morte exala
e toca a lembrança do presente:
"meiga criança, quão inocente!"

Mãe, em botão se prostra.
Choram os pais a filha morta.
Absorta em braços, uma criancinha grita:
"- Acorda, mamãe minha!!!"

Um estampido e pronto.
Num féretro pobre,
sem flores, sem velas.
Deus a tenha! Amém!

quarta-feira, 11 de março de 2009

OLHO E VEJO

(Historinha para o deus menino)

DEMA

Outrora, nos cafundós do universo,
entre tantas, uma voz dizia:






"Em mim mesmo sinto a vida.

Vejo nas coisas do mundo muita harmonia.

Embasbaco-me com o céu azul e,

olhando a vida,

vejo-a mesquinha.

Olho prá você... quanta beleza!

Vejo seu sorriso... quanta tristeza!

(Alegria da hipocrisia)

Bebo do cálice de angústia dos homens.

Na solidão, sorvo a melancolia.

Sinto o perfume das rosas.

Na flor? - Vejo a vida.

Na dor do irmão há esperança

de u'a mão, de alívio.

No ser, a pressa de ser, a insolidez do espaço.

Há no tempo a saudade.

Vejo saltar das mãos cansadas
a fome do pão merecido.

A náusea humana

aniquila o sentido da vida e quase invalida

o plano divino.

Olho a náusea e vejo ali a vida.

Olho a quase mãe e, a seguir, ouço o grito da criança:

não nasci!!!

Está ali a vida:

no quadro do artista sem sucesso,

na poesia que li,

no pastor que fala, fala só... só fala;

nas teorias pessimistas,

no canto à liberdade,

nos 'prazeres egoístas'.

Olho o mundo e vejo ali a vida.

Mundo de homens restos de homem... pobres homens!

Mundo pobre!!!

Uma borboleta voa 'daqui-prali'... que beleza!...

veja a vida!

O sol nasce sempre,

ou fez a noite quente,

ou faz a noite fria.

_ Paira, Espírito! Paira sobre as águas e guarda o AMOR, pérola na escuridão perdida!"


Houve uma vez, nos cafundós, um mundo e nele a vida.
Outrora... nos cafundós do universo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

DIVINAL


Dema

Pelos verdes prados do passado,
até onde o pensamento alcança,
vagueia ternamente a lembrança,
reluzindo amor, feliz achado.




As vestes divinais o vento esvoaça,
mal tocam o sólo os delicados pés,
dobram-se as flores quando ela passa,
como se fosse a deusa de Menés.



Que Afrodite essa, sonhos meus,
a afagar os seios e a sorrir airosa,
despertando olhares do supremo Zeus,





a mais fazer-me a vida dolorosa?
Tanto quero-a longe de seus olhos,
quão perto vê-la quero dos meus versos.

domingo, 8 de março de 2009

PUDERA!!!

Dema


O quadro do artista sem sucesso é o que me comove. Vendo nele o nada, sinto a angústia do pintor com o fracasso.
É no fracasso que os homens se igualam, que cada um se sente humano, imperfeito.
A tela sem sucesso é como minha música, a sua, inéditas para sempre; um violão, que soluça louco por mostrar do que é capaz, nas mãos de um principiante.
A música é igual poesia, tal qual pintura... a do disco que gira mas não fura.
É como a vida: quem sabe um fracasso, quem sabe um sucesso!

Pudera houvesse mais mudanças,
corresse o tempo mais veloz,
fosse a vida mais curtinha
e o fracasso menor!
Pudera houvesse quadros sem artistas,
houvesse homens sem fracasso!

NINGUÉM DÁ O QUE NÃO TEM.

Afonso de Sousa Cavalcanti.


Professor de Filosofia, Sociologia e... na FAFIMAN.

O edital do vestibular de verão da Faculdade já estava disposto ao público. Os formandos do ensino médio procuravam ansiosos pelos cursos, pela data de inscrição e mais: queriam informações sobre os cursos, sobre suas grades curriculares. Oportuno foi o momento em que mais de 20 jovens se aproximaram da página que informava acerca do Curso de Letras.
Ali bem próximo do quadro do edital, sentado e com os braços apoiados sobre uma mesa, estava o velho professor de latim daquela instituição. O mesmo se levantou e foi até os jovens e os cumprimentou. Dirigindo-lhes a palavra foi dizendo:
- Bem vindos a esta casa de ensino! Muitos já atravessaram o caminho por aqui e hoje são bem sucedidos. O curso que vocês observam tem por finalidade formar licenciados e pesquisadores em Letras. O forte deste curso é a nossa língua. Aprender a língua é desenvolver diversas habilidades que vão da simples observação – nas formas de ler, interpretar e transmitir – até à linguagem mais complexa: abrangendo literaturas, teorias literárias, línguas estrangeiras, além dos mecanismos diversos da linguagem, ora vistos pelos lingüistas, ora cobrados pelos gramáticos. Vocês ainda não me conhecem. Apresentando-me a todos, informo-lhes que no momento sou professor da Língua Latina e de Literatura Latina. Tenho a maior paixão pelo que ensino. A língua latina e os clássicos latinos são minhas raízes, neles me realizo. Quando tenho dúvidas, recorro a eles e confesso-lhes que tenho respostas imediatamente.
Entusiasmado pela fala vibrante do professor, Marcos puxou conversa com ele e procurou retirar dele algum conhecimento. Foi dizendo:
- Meu pai é advogado. Volta e meia vejo seus processos. Constantemente ele usa termos latinos. Disse-me ele que os advogados novos já não mais aprendem o latim, pois este é uma língua morta.
O mestre ouviu o futuro aprendiz e dialogou calmamente com ele:
- Gostei de ver, meu rapaz! Vejo que já se interessou pela matéria. A língua latina é a mãe da língua portuguesa, portanto é sua alma. Sem que compreendamos a raiz das palavras, nosso raciocínio ficará truncado. Procurem ouvir o que vou dizer. Irei ensinar alguns aforismas e os repetirei duas vezes para que os mesmos possam ser gravados em suas memórias. Assim que eu apresentá-los por duas vezes, farei sua tradução para o português.
Com muito respeito e simbolismo, o velho professor pára por alguns segundos e se coloca em posição de contemplação – digamos, aquela posição que os patriotas se põem no momento em que entoam o hino de sua pátria. A concentração é tudo para que o ator – neste caso, o professor de latim – possa pronunciar as sentenças e motivar os futuros acadêmicos de letras. O latim bem falado soa gostoso nos ouvidos dos meninos. O mestre, fazendo como se fosse um aperitivo, pronunciou:
- “Dura lex, sed lex”, “Dura lex, sed lex”. (A lei é dura, mas é a lei).
- “Hodie mihi, cras tibi”. “Hodie mihi, cras tibi”. (Hoje para mim, amanhã para ti).
- “Homo homini lupus”. “Homo homini lupus”. (O homem é lobo do homem).
Ouvindo a boa pronúncia do professor, os estudantes pediram àquele que os recepcionava para que dissesse mais aforismas. O mestre empolgado resolveu dizer frases mais consistentes e com forte cunho moral. Sua voz foi ouvida por mais pessoas de forma que ele se entusiasmava cada vez mais:
- “Ocasio facit ferum”. “Ocasio facit ferum”. (A ocasião faz o ladrão). O sujeito, por errar uma vez, por roubar o tempo ou a mercadoria, e não ser corrigido, continuará errando. Errará tanto que seu bom senso entrará em desuso;
- “Imperium habere vis magnum? Impera tibi”. “Imperium habere vis magnum? Impera tibi”. (Queres ter um grande poder? Governa a ti mesmo). O poder está em nós mesmos, em nossos sentidos e racionalidade. Está no cumprimento do dever e no exercício do direito;
- “Mens in corpore tantum molem regit”. - “Mens in corpore tantum molem regit”. (É o espírito que rege o corpo). Sem a racionalidade, nossas ações são puramente animalescas. Agimos como lobos e apenas experimentamos desejos, se não dermos conta de que a racionalidade é extremamente necessária.
Os três últimos aforismas ensinam sobre o animal político que todos nós somos. A ocasião também faz o que é vigilante, basta procurar o poder em si mesmo e deixar que sua alma intelectiva governe plenamente.
Interessante! O vestibular chegou, as aulas foram aos poucos sendo ministradas. Os professores demonstravam saber, principalmente os professores de língua portuguesa e de Filosofia que faziam questão de diferenciar com precisão as definições e os conceitos; de acertar nos mínimos detalhes as palavras e as sentenças mais significativas. Quase sempre buscavam os significados mais profundos nas raízes dos termos, bem juntinho das línguas grega e latina. De forma que os acadêmicos tinham nas veias sanguíneas o provérbio latino: “Nemo dat quod non habet” (Ninguém dá o que não tem). Sinceramente, as frases são construídas com erros gramaticais; as idéias são confusas; a linguagem falta com sua finalidade. Isto ocorre porque aquele que transmite não possui o objeto da comunicação, ou seja, o pensamento bem construído.
O tempo decorreu. Janeiros vieram e aqueles acadêmicos, agora professores pós-graduados, retornam como egressos para a festa de sua instituição de ensino. Não mais encontram o professor de latim – a instituição aboliu da grade curricular a disciplina de língua latina –, pois o latim é desnecessário, afirmam os dirigentes daquela faculdade. O latim caiu no esquecimento Com ele também se foram os clássicos filósofos e a disciplina de Filosofia. O velho mestre somente ficou na saudade, como um mito que apenas é ouvido por quem sabe referenciar a mãe de nossa língua pátria.
Sem medo de defender o que é forte, o que é cultura, reproduzo o som que ainda está em minha memória: “Alia jacta est”.(A sorte foi lançada”; “Veni, vidi, vici”. (Vim, vi, venci). Quem sabe, as novas estratégias de difundir a língua e de cultivar o saber, sejam muito eficientes e valha a pena afastar-se das raízes históricas!
Entre o certo e o errado não existe um meio termo. Penso no ensinamento de Ovídio: “Vídeo meliora proboque, deteriora sequor”. (Vejo a melhor solução e a comprovo, mas sigo a pior). Deixar os ensinamentos da língua latina e da filosofia para trás, parece-me a pior solução.