dema
Tão grande a ânsia por coisa bela,
que
a brilhante ideia se atravanca,
pichação
disforme de aquarela,
borrão
de trincha na folha branca.
Esvai-se
a imagem do pensamento,
indômita
pressa a ofusca,
impõe,
à alma, cruel tormento
e,
à mente afoita, maçante busca.
Procura,
alhures, por qualquer musa
que
de bom grado lhe avive o estro,
se
acaso encontra, ouve só recusa
(Foram
mandantes de algum sequestro?).
Quer
de manhã, de tarde ou de noite,
a
todo o tempo e em todo lugar,
castiga
o verso a poder de açoite,
nasce
um poema sem cintilar.
Que
das estrelas, do azul do mar,
das
rosas, cravos, e dos jasmins,
dos
beijos doces sob o luar,
fazendo
inveja nos Serafins?
Maldita
hora, em que o nada aflora,
seta
encravada no coração,
peço-lhe,
Euterpe, que, sem demora,
me esguiche um jato
de inspiração.
http://www.demasilva.com.br/PINEDITOS/BORRAO_DE_TRINCHA.html
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