dema
Vi-me,
hoje, o mal inserido no mundo,
nos
complexos rebentos dele oriundos;
vi-me
inveja maldita a comer pelas beiras
meio
a leigos comuns e entre padres e freiras;
vi-me
ódio a pregar outro “Jesus” na cruz,
coração
sucumbido, carente da luz;
vi-me
hediondo afogando crianças,
fulminar
de inocência e futuro-esperança;
vi-me
adaga afiada decepando cabeças,
qual
neoguilhotina, evoluída às avessas;
vi-me
tirano de manto purpúreo
a manter,
com migalhas, seu poder espúrio;
vi-me
covarde, matando animais,
sem
dar-lhes defesa, com meios brutais;
vi-me
ganância de poderosos vis
no
explorar o lavor de homens-servis;
vi-me
corrupto em culotes repletos
com
tributos pagos por civis corretos;
vi-me
exegese, à visão do diabo,
inferindo
cruzadas do livro sagrado;
vi-me
feitor a tratar com pancadas
a
mãe de seus filhos, mulher mal amada;
vi-me
esposa sem brio, fingida, safada,
traindo
o marido em ocultas quebradas;
vi-me
pilantra em jaleco e batina,
sem
dó, abusar de indefesa menina;
vi-me
dono do tráfico dado ao extermínio
das
mulas do morro, mor vezes, arrimos;
vi-me
anjo do inferno com sorriso largo
mofando
de Cristo a cumprir seu encargo;
vi-me
o Rei do Universo desnudo de graça,
ante
humana barbárie que a tudo desgraça.
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