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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Melhor me fora

dema

Por um eterno e fidalgo sonhar contigo,
melhor me fora, de ti, não ter mais sabido.
Angelical em juventude e formosura,
princesa-musa dos versos de todo dia.
Mesmo fadado a não ter outras aventuras
(naqueles idos, sequer imaginaria)
ou se vedado a não viver novos amores,
(confesso, em vida, não senti desses temores).
Canonizada, vez, tua imagem de ternura,
vê-se frustrada, então, minha alma sonhadora:
mui tristes olhos esperando por consolo,
beijo inocente e abraço forte duradouro.
Lembro do brilho chamejante das pupilas,
do murmurar palavras doces dos teus lábios
e da lascívia que me infernizava todo,
tal qual o escravo a venerar a dona amada.
Mas a notícia, no frigir de mil lembranças,
pôs água fria a derramar-me dissabores,
(pensar que amor sempre haveria entre nós dois),
espargiu cinzas na certeza e na esperança.
Tarde, talvez, pra rebrotar um coração,
que em longo à vida se amparara em deusa-ninfa,
hoje, vetusta, tal a bruxa má das lendas,
a envenenar-me para morte não serena.
Melhor me fora jamais tê-la conhecido;
não tê-la amado e não estaria assim sofrido.
É que, firmado, vejo em letras garrafais,
o confessar que a mim não ama muito faz.


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