(dema)
É noite de trevas.
Súbito, o apocalipse.
O céu por palco da
anunciada procela.
Anjos mensageiros tocam
as sete trombetas.
É fato, Zeus combate
Cronos.
Quer vê-lo vomitar seus
irmãos.
Dispara estrondos
repetidos, medonhos,
com raios-flashes
riscando direções no firmamento.
Dilatados, os olhos, a
não mais,
a coruja pia no oco do
coqueiro: credo!
Éolo entra na peleja e,
com força brutal,
sopra sobre a terra.
Derruba postes e
árvores, dobra palmeiras.
Esbravejante, urra sobre
as casas,
sibila pelas frestas das
janelas.
Oh, que deuses!
Geb quer cegar Nut,
rainha do breu.
Em abundância, levanta o
pó,
que o deus do vento
deposita sobre o pátio.
Apavorado, Pedro, pega
carona na quadriga de Ares
e zarpa, levando a
chuva.
Por óbvio, sem água e
sem luz,
não haverá arco-iris.
O cheiro de terra avoca
espirros.
O suor, à vez, encharca
lençóis.
Um estalo. A luz do
corredor se apaga.
Por horas, agitam-se os
espíritos da natureza.
Finalmente, adormeço.
Sonho grama molhada,
flores, pássaros.
De manhã, abro a janela:
o pátio branco tinto de
um fofo marrom avermelhado.
Ao menos, o mundo ainda está.
Ao menos, o mundo ainda está.
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