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sábado, 22 de agosto de 2015

Fantasia


dema


Estamos a nos amar nalgum deserto,
sob árvore solitária e mui frondosa,
jovens nubentes em ato a descoberto,
posseiros novos da sombra dadivosa.

Precedente de nossos loucos gemidos,
deleitoso sussurrar, junto ao ouvido,
das carícias-serenatas de tua voz,
suo frio por esse encontrar a sós.
Recostado em belos seios-travesseiro,
me arrepio, de repente, por inteiro.
Vem o gozo em adejares alternados;
em seguida, languidez, corpos suados.

De mãos dadas, mil sorrisos, pés descalços,
(resta-nos somente o ermo por encalço)
o retorno pronto à vida em um compasso;
sim, corremos sem medir os nossos passos,
sincronia harmoniosa de almas gêmeas
(sem dúvida, quase nada heterogêneas).

Busca, o astro avermelhado, o horizonte.
Andejamos leves sobre as fofas dunas.
Brisa tênue varre a areia bem defronte,
alva trilha de roubar nossa fortuna,
macios rastos na caçada ao sol poente.
A enxotá-lo pra distante, o que se deve,
caminhamos presto rumo à noite breve,
a impedir abrase, além do que se atreve,
o areal aos nossos pés quase doentes;
evitar que expanda o rarefeito ar,
que, assim mesmo, inda vivos nos mantém.
Se a convite dessa noite houver luar,
com certeza, chegaremos ao além;
pendurada ao colo, a sorte, talismã,
prosseguimos à procura do amanhã.

Se me negas poder eu sonhar contigo,
por inferno, terei um vazio pleno,
ver-te em sonhos, eis o tudo que consigo
no isolado submundo em que me embrenho...



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