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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

XXI e a barbárie

dema

Qual barata tonta,
quando me dei conta,
mal sabia eu de mim;
vivia no vinte e hum,
em que a civilização
teve fim.

Caíram as torres gêmeas.
— O imperialismo?   — Mas nem!
Recrudesceu o ódio
mesmo em Jerusalém.

Basta, à mulher, a cozinha,
o cuidar da criazinha,
femear-se a deleite do macho.
Adeus, escola. Vontade de Alá.
Que esculacho!
Será?
Ô miséria!
Ô Nigéria?

Quando não a barba,
a máscara esconde a cara.
Tara!
Era do covarde.
A morte cospe fogo
pela faca e pelo cano;
infiel é fulano:
extermínio, genocídio,
decapitação, homicídio.
Guerra santa, quanta!!!
Valha-nos, Alá!

Negro não respira, pra quê?
Matar, jamais, só pode morrer.
É legal... brutal!
Ah, apartheid!
Treinar pontaria
nos alunos de escola.
Quem não faria?
Acaba a cola.
Covardia!

Afanaram o tesouro público.
Cadê teta pra tanto chupeta?.
Maná que dá poder,
sepulta a liberdade,
vilipendia a cidadania.
Dicionário fez mortal
a ética, a moral.

Onde o Estado, a Nação,
a política divisão?
Aeronave mergulha em terra,
foguete contra cidadão.
(— Mas ela não lança bombas!
— E daí, é a guerra.)

Etiópia morre de fome.
Bem, ao menos, some.

Carros se afogam nos pátios,
nas ruas, nos becos.
Revoltados quebram o metrô.
É culpa dele, “meu sinhô”!

O poder corrói a mente,
enrijece o coração,
que já não sente,
recusa oração.
Vale tudo e mais além.
Ah, Maquiavel,
inda há um Deus no céu?
Não posso dizer “amém”.

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