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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ovelhinha desgarrada


dema


No azul de infinito iluminado ao sol da tarde
desliza uma ovelhinha desgarrada.
Seu rebanho de algodão quiçá encubra o céu do oceano.
Aqui, feliz, parece, ela se vai sem plano “esmando”,
sem tempo de sentir a solidão...
O vento a desfaz.
Novamente o azul celestial invoca o incerto, o desconhecido.
No solo, bico ante pé, pé após bico,
a rolinha detona os incautos insetos sobre a grama.
Papo cheio, sobe à trave em busca do ninho.
No balanço da folha da palmeira
a orquídea tenta desabrochar segunda flor.
A vida para pra ver o parto...
depois segue com a brisa fresca e fugaz.
Tudo apraz.
Meu coração dispara. Percebo que, como a brisa,
minha vida passa.
A diferença é que sem graça.
Se eu pudesse, saltaria no infinito.
Pode ser que nem sentisse me esvaindo em brisa astral
no me juntar à ovelhinha desgarrada.


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