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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Velha inquilina

dema

Descobri, muito faz:
uma tal tristeza imensa mora em mim,
nela também.
Em mim, nasceu comigo,
antes mesmo de se cortar
o cordão do meu umbigo.
Minha vida foi assim:
eu carregando a tristeza
e a tristeza carregada em mim.
Pensei que a tivesse toda,
pensamento ledo
ante conclusão a que chego:
só metade é minha,
outro tanto há de ser dela.
Quando sorri,
a tristeza sorri com ela.
Fico em dúvida crucial:
precede-lhe ao corte da liga umbilical
ou lhe adveio de unir seu umbigo comigo?
Ao que entrevejo,
a tristeza comeu nossas almas
e em seu lugar se instalou.
Ah, velha inquilina!
Extirpou toda nossa alegria;
de cada um, seus desejos;
de ambos, a esperança.
Fez-nos zumbis em espírito.
Por maldade, sem grito,
trucidou, ab ovo, a felicidade
e moldou-nos escravos-perseverança.
Então, se me vejo,
é como se a ela eu visse
_ espelho do meu não-querer,
do meu não-desejo.
Alma-tristeza, com o tempo,
de nós se apossou:
e é uma só.
Destruí-la traz duplo suicídio.
O pecado, de Adão,
mas, nosso, o castigo.
Meu sorriso amarelo,
o dela idem.
Um nó sem desate
a dar dó.
Alguém tem?




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