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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Malfadada utopia

dema

Como é doído não ter vivido
uma paixão juvenil.
Mal nascida, rompida viu-se,
sem razão, sem sentido.

Embora não seculares,
Bonaparte proferiria:
“Quarenta elípticas te contemplam,
malfadada utopia!”

Vindo à tona o porquê
do inesperado esmaecer,
doce ao ego, amargo à alma,
o gosto se anuncia.

Revés do aprazível sabor
das ligeiras cartas brotado
(arte bruta de corações em chama,
prescindência do dizer “Te amo”),
da lembrança flui gosto de mágoa,
depressivo sentir derrotado.

Missivas, parem!
De repente não mais transitaram,
sem explicação nem adeus,
tal a criança que se perde sem onde,
sem para onde.

Supita-me um vazio no peito.
Engulo seco.
Umedecem-se meus olhos.
Vejo a lágrima que rola.

Foi-se
a vida de duas vidas,
sinas diversas vividas,
relegado o “se”.

No reencontro,
o olhar vesgo varre ao reverso
a linha do tempo;
toda escusa condenada,
punibilidade caduca.

Não mais chance às almas-metades.
Saudade profunda
de um passado-futuro ausente.

Meu coração se aperta.
Desvaneço.


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