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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

REDOMA


dema
 

De excessiva intransigência

mesmo em coisas pequeninas,

dado o gênio seletivo,

posto poucas cultivadas,

de amizades, com insistência, desdenhara;

arrogante independência de si todos expulsara,

formatando seu destino.

 

Tempo bom, antigamente, era menino,

vislumbrado com o mundo (divino lhe parecia),

como em reino encantado sua vida era alegria:

seus amigos, seus amores, fantasias.

 

Na redoma edificada

fez-se seu presidiário,

mais parece um homem-fera

este ser tão solitário.

Dela não quer ser mais dono,

muito menos locatário

e paga caro, paga caro,

elevado numerário.

 

Por muito se lhe dissessem que tomasse mais cuidado,

que ninguém vive sozinho, qu’ isso ao homem não é dado,

(seja o mais independente

irá tornar-se um indigente),

optou por se provar que tais conselhos eram blefe,

pois, melhor que qualquer outro, seria seu próprio chefe.

 

Passado certo tempo, veio entrando em desespero,

confirmando lhe a vida que o sozinho não é inteiro,

não há quem a se bastar, se a terceiros for inútil,

tudo vira sofrimento, quando não a vida fútil.

 

Ser em si e para si, há de requerer também

que se seja para o outro ou não se será alguém.

Que se quebre a redoma

(e outro rumo a vida toma)

ou que se a gaseifique

e nenhum ser a reivindique.

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