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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Se...


dema

Se já não tens o meu sorriso
nem de minh’alma és mais a dona,
faze, pois, logo o que é preciso,
parte pra longe e me abandona.

Não partirás meu coração,
mas vais tirar meu sobrenome.
Farei por ti uma oração,
enquanto tua imagem some.

Onde a ternura que jorrava
desses teus olhos à mão-cheia?
Onde o carinho que emanava
dos teus afagos sobre a areia?

Que seca esta que permeia
nossos contatos de armadura,
como se bem tecida teia
com tantas garras de amargura!

Que vultos esses indistintos
em nebulosos movimentos!
Não sei se sentes o que sinto,
se é apenas coisa de momento.

Se há zarpado da vida a dois,
do amor que a sustentava, o elã,
não tem porquê crer que depois
seja possível outro amanhã.

Se só o que resta é grande dor
pelo de bom que antes houvera,
melhor se faz, com festa e flor,
brindar u’a nova primavera.

Se ao partir, levares o sol,
deixa a lua, porém, comigo;
terás sempre teu arrebol
e o luar será meu castigo.
..

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