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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

SABOR DE PECADO


dema

O pudor corre em minhas veias
e proíbe à mente propor
as palavras adequadas para o nosso amor.
A timidez veda-me descrever
o pele-a-pele, o boca-a-boca,
o pelo-a-pelo, o prazer
da transa suave ou do frenesi da louca;
dizer os verbos rudes e amáveis que,
na posse mútua, pronunciamos ao fugir a lucidez;
exprimir a inebriante fragrância
que exala de corpos em chama,
quando se ama,
enquanto dois corações são
uma só carne e uma só alma;
expressar o gosto de céu
pipocando estrelas de nossos “ais”,
― esse sabor de pecado
que, degustado, fica,
se não descrito,
inaudito;
depois, a languidez da calma.
                       ...



sábado, 28 de janeiro de 2012

POETA OU ASCETA




dema

Quem não beijou mulher nua
sob o olhar claro da lua e
correu pelado pra rua,
melhor tornar-se asceta,
pois não serve pra poeta.

Quem jamais saiu da linha,
ou suspirou quando ela vinha,
pois pensou que já a tinha,
antes ser anacoreta,
longe o dote pra poeta.

Quem nunca encontrou o amor
nem viu Deus em cada flor,
jamais sofreu de paixão,
desdenhou da solidão,
se o coração não palpita,
leve a vida de eremita.

Quem não fala com as estrelas,
não tem fome de querê-las,
se afastou do infinito e
nem se abriu para o universo,
nunca foi meio esquisito,
não tem dom pra tecer verso.

Faz-se surdo para o vento,
jamais tem contra-argumento,
se afoga em ondas do mar,
não se expressa pelo olhar,
se a saudade não lhe afeta,
não tem jeito pra poeta.

Quem não mira o azul celeste
ou a secura do agreste,
não conhece a amargura
ou o veludo da ternura,
jamais enfrentou a morte
nem dialogou com a sorte,
pode tentar outra meta,
que não se forma poeta.

Quem não sabe o que é chegada,
ou partida inesperada,
desconhece a boemia,
não viu noite virar dia
ou a cauda de um cometa,
mal sabe onde seu planeta,
se apavora com altura,
ser poeta lhe é loucura.

Quem tem medo do inferno,
ainda que seja inverno,
não pisca ao fazer careta e
mocha o chifre do capeta,
lê mito por encomenda
sem saci em nossa lenda,
melhor partir para Marte,
se não, vá morrer de enfarte.

Quem não nadou no oceano
nem sonhou com sua amada,
jamais sofreu desengano
co’a donzela imaculada,
não pensa na natureza,
não percebe sua beleza,
feche a casa em que habita,
se vista de cenobita.

Quem não teme a montanha
nem a força da procela,
sequer sabe por que apanha,
se é por culpa sua ou dela,
se a lua não lhe é amiga,
jamais cometeu intriga,
nunca gostou de criança,
ser poeta é só esperança.

Quem não chora com a tristeza,
não sorri com a alegria,
nunca viu uma princesa,
nem riqueza onde há pobreza;
a quem não ama a folia
e detesta a oração,
digo, com a maior clareza,
só se presta a ermitão.

Não se enoja com a matança,
não tem fé nem confiança,
vive se entregando ao ócio,
sem fechar qualquer negócio,
nunca recebeu carinho,
não se percebe sozinho,
leia assim esse recado:
ser poeta não é seu fado.

Se não crê que Deus existe
e se pretende trovador,
perde tempo, se insiste,
ou aprenda a cantar o amor.
Inda assim eu aconselho
que se enxergue pelo espelho,
que é melhor virar asceta
quem não pode ser poeta.
...














quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

POEMA EM FLOR

dema

Hoje teci um poema
para o meu querido amor.
Nem precisei de um tema,
pois que sou bom sonhador.
Eu comecei pela haste,
como se fosse uma flor.
Coloquei pétala a pétala,
em cada uma, uma cor.
Por fim, jorrei-lhe perfume
pra inebriar meu amor.
...

VOA, PENSAMENTO


dema

Voa, pensamento, voa.
Leva um beijo para o meu amor.
Depois, dize a ele com carinho
que eu estou muito sozinho
e a qualquer momento eu vou.
Voa.

Voa, pensamento, voa.
Voa até onde está o meu amor.
Depois, dize a ele bem baixinho assim
que a saudade em mim
me maltrata à toa.
Voa.

Voa, pensamento, voa.
Voa pra junto do meu amor.
Se der, me leva também contigo,
pois aqui já não consigo
mais ficar de boa.
Voa.

Voa, pensamento, voa.
Voa pra junto do meu amor.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Na tala

dema

Paradisíaco seria
possuirmo-nos
integral e reciprocamente:
senhores e servos a um só tempo...
efemeramente.
Domar-nos-ia a paixão.
Loucos amantes,
não nos amaríamos.
Ao amor refoge possessão,
nem lhe inere
ao outro anular.
Onde a palavra doce
a mitigar o amargo da verdade?
Lacônico, puro e íntegro,
gostaria de amar,
mas me envergonho:
sou covarde.
...

Das mulheres que amei...

dema

Dentre as mulheres que amei, apenas duas
se apossaram de minh’alma em nome delas.
A primeira procedeu com falcatruas,
se fingindo ser pra mim a Cinderela.
Sua imagem angelical e pueril
fez -se tela de meus sonhos pela vida.
Por anos longos de amor me pôs estéril,
solitário filho da paixão bandida.
Mas aos poucos me dei conta do engano
que o amor primaveril pode causar.
Me consolo com ausência de algum plano,
mais sofreria por não a querer amar.

A segunda medicou meu coração,
trouxe alento à minh’alma tão sofrida,
foi suporte para nova direção
e tomarmos as rédeas de nossa vida.
Realista, esse amor que encontrei,
a donzela, para mim, a mais querida,
pois sem ela eu viver já mais não sei,
feitos fomos sob u’a mesma medida.
Bem verdade que nem tudo é perfeição,
inda assim não se anda à cata de aventura,
ou minora tamanha dedicação,
sequer chance de pensar em desventura.
Que Deus queira receber a gratidão
por eu poder amar, como ser amado.
Pensando bem, somos um só coração,
eu e a mulher, com a qual fui presenteado.

...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

TRUCO - 3ª EDIÇÃO - 2012



Sábado - 21 de janeiro - das 12:00 às 24:00


III Torneio entre amigos - 2012.



Novamente na casa do DEMA, o III torneio de truco "entre amigos". Uma realização Dema, D2S e amigos. Muita gente alegre, nova, velha e mais ou menos. As mulherres não se deram muito bem, peninha delas!!! Desta vez, venceu a terceira idade. Os "veim" levaram o troféu. Parabéns a eles, como a todos os amigos, pela presença e pela colaboração. Dentre em breve teremos mais. Aguardem. Ah, tivemos fotos de estúdio. Muito obrigado, Sr. João Bosco. Já está contratado para a próxima.

Confira as fotos:



A solidão 2



dema

A solidão me parece mais doída
do que a dor física, que pode ser tratada.
Golpeia-me noite e dia,
não se alivia nem quando de madrugada.
Expulsa de mim qualquer companhia,
pois meu sorriso é de alma magoada.
Comigo insiste, delongando pela vida.
Ah, que agonia! Ah, que dor
que aos poucos mata!


...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Medicamento novo - marketing



dema


Produzindo mais efeito do que qualquer
vermífugo contra vermes,
fungicida contra fungos,
inseticida contra insetos,
acaricida contra ácaros,
antivirótico no combate aos virus,
antibactericida no combate às bactérias,
lançamos novo produto no mercado
para combater essa terrível doença que é a  ironia.
Lançamos INDIFERENÇA, de efeito devastador.
Pode ser usada em dose única e com resultado permanente.
Se a ironia fere,
a indiferença mata.
Mas como nada é perfeito,
pode se fazer acompanhar de um dano colateral:
induzir ao SUICÍDIO.

Recomenda-se não deixar ao alcance das crianças e
adultos que padecem de ócio.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

IRONIA

dema

“Se te aprazes em ridicularizar ironicamente as ideias de teus amigos e companheiros, porque as consideras medíocres ou divergem das tuas, com absoluta certeza, serás feliz convivendo com muares, a plateia ideal para tuas ironias, com a refutação que mereces: o coice.”


Sexta 13 e a tormenta


dema
Na Távola que não de Arthur,
brava tormenta cai.
Raios fulminam mentes
e trovoadas enfurecem
as bestas que existem em nós.

Mas hoje, sexta, 13,
impõe-se servir o chá das cinco.
Não se trata de turismo ideológico,
muito menos de crise aeroportuária.
Vale, contudo, a exortação:

"Relaxa e... ri!"

Resumindo o irresumível,
enquanto não cessa a tempestade:
Quem sou "EU"?
"Qual taipan australiana,
 língua sibilante,
 persigo teu calcanhar.
 Premo minhas glândulas salivares
 repletas de ironia
 para inocular tua mente,
 matar tua ideia
 e teu amar.
 Cooooorrra.....! zzzzzzzzzzz..."

 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Parabolize

dema

(Caso a malícia apareça em colete de cordeiro
no discurso que te enviam.)

"Mandei trocar as lentes de meus óculos, claras por escuras.
Com as primeiras, a luz ofende minhas retinas,
mas descobri que com as outras, cansam-se-me as vistas.
Talvez a solução seja ter dois pares de óculos,
um com lentes claras e outro com escuras,
porque mesmo que todas me prejudiquem,
ainda assim enxergo.
Pensei até na possibilidade
de descartar qualquer espécie de óculos e lentes,
mas isso me impediria de ler "parábolas" e eu as adoro.
Todavia, por ora, não estarei usando óculos.
Vale!”

sábado, 7 de janeiro de 2012

A verdade


dema

Muita vez me pergunto:
e a verdade, o que é?
Ponho-me a pensar e chego conclusivo:
é o que é, nada mais, nada menos;
correspondência integral de algo a si mesmo,
essência do ser em si.
Quanto ao juízo ou conceito daquilo a que se refere:
declarado lhe corresponde? - eis a verdade;
dele difere? - olá falsidade!
Coerência e integridade,
não se parcela;
basta-se a si mesma e ao que a encontra.
Simples, dispensa acessórios,
prescinde da carruagem, do candelabro:
vem sozinha e brilha por si só.
Inda que em contrário se pense,
não nasce do subjetivo,
muito menos do consenso.
É pura, inocente.
O que é, é; o que não é, não é – veja a verdade!
Tênue lâmina a separa da mentira.
Esta, sim, pode ser graduada,
sempre mentira, porém.
Se a verdade, às vezes, dói,
cura, satisfaz.
A mentira fere, maltrata, mata.
Não se basta. Tem penduricalhos, se enfeita,
se subjetiva, se consensualiza, se oficializa.
Mas é obscura, sem brilho,
correspondência, coerência, inocência.
Porquanto a verdade integra,
a mentira desintegra, desassocia, desbarata, infeta.
À verdade: amém!
À mentira: desdém!