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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

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                               dema

Enquanto a vida sorri,
grave ameaça é a morte.
Assim foi dês que nasci,
só pude contar com a sorte.


Tomado de liberdade,
quis traçar o meu destino,
porém, não detinha idade,
era então demais menino.


Voltei-me para o abstrato,
pra conquistar o concreto,
dialético e circunspecto,
que a síntese pague o pato.


Descobri que a vida passa,
sou apenas criatura,
ser contingente (oh, que graça!)
e que suicídio é loucura.


Parece contradição:
criado quer ser eterno;
eterno vem ser irmão
e nada disso é moderno.


Inda em minha juventude,
dei de frente co’a paixão,
demandando-me atitude
pra enfrentar desilusão.


Eis que, enfim, o amor chegou
e com ele a poesia.
Se o primeiro não durou,
me assaltou com maestria.


Fruto dele é a saudade,
essa eterna companheira,
que murchou-me a mocidade
pra marcar minha vida inteira.


Trouxe junto a solidão,
tornando-me seletista.
Inda bem que deu u’a mão
pro medíocre artista.


Canto a beleza da vida
Da natureza, do amor,
Mesmo da paixão sofrida,
se, pois, tão bela é essa dor.


Hoje canto a liberdade,
canto tristeza e alegria,
toda amizade que um dia
nos faz chorar sem vontade.


Não tenho medo da morte,
muito bem me dou co’a sorte.
Fora! xô, xô, vadiagem!
Toco a vida com coragem.


Se fiz disso meu projeto,
ou se é mero resultado,
subjetivo e indiscreto,
esse é o espelho do meu fado.




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