DEMA
Por que te surpreendes, Lia?
Será verdade?!!! Não sabias?
Tua surpresa traz-me mágoa,
faz crescer a minha dor.
Com licença, já me vou.
A mim enoja tua presença.
É amiga de teus lábios a mendácia,
se tu dizes não saber de meu amor.
De que adianta perseguires passarinhos
voando livres pelo céu, por entre as flores,
se te esqueces de que existe um pobrezinho,
cujo ninho são as palmas de tuas mãos?
És cruel, não mereces mais amor.
De musa que eras de meus versos
transformas-te em razão de meu temor,
na causa de meus protestos.
Vamos, Lia, diga,
diga que não é verdade,
que de meu amor sabias
e que me amas.
Nada dizes...
Vou-me embora,
esperar que poucos anos dêem cabo deste ser.
Adeus, Lia,
volto à minha companheira.
É quem me entende, comigo ri, comigo chora.
Juntos, rimos da alegria,
gozamos da maldade
e se nos visita a saudade,
choramos com a tristeza.
Talvez só a ela eu ame mesmo:
a SOLIDÃO.
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