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sábado, 8 de agosto de 2009

O poeta, o poema.

DEMA

É ele quem lastima a inexistência do tema
ou, quando o encontra, quem sorri.
Suando frio, firme talha, retalha
e tenta modelar o seu poema: o poeta.

Busca, mede, escolhe, estica, encolhe
frases, palavras, rítmos e harmonia.
Amigo da cruz, filho da tristeza,
companheiro da alegria,
não raro se angustia: o poeta.

Não tem nome, pseudônimo.
Vive no mundo, mas fora.
Perseguido, foge, exila-se.
Não tem pátria nem história: o poeta.

Não vê fama nem reclama.
Não tem louros (nem os ganha).
Fim trágico o espera:
desprezo, miséria: o poeta.

Finalmente alguém exclama:
Ei! Bonito! Dá vintém!
Corre logo à imprensa,
modelado, lindo, puro: o poema.

Vale tanto quanto renda,
vira lema, ganha-pão.
Ah! o poema, de quem?
Quem? - João Ninguém: o poema.

Vai pra história patriótica.
Chega à escola cultuado.
O poeta? - Não. O poema.
Não importa de qual pena: o poema.

Quem suou, pouco chorado.
Quem buscou alhures tema
da memória desligado.
Em seus pulsos põe algemas: o poema.

Ao poema: louros!
Ao poeta morto: pena!
Vale mais o poeta?
Vale mais o poema?

Um comentário:

  1. Onde andará o poeta sem o poema,
    Onde andará a prosa sem o verso,
    E o enredo sem o tema?
    A vida é um universo, de alguma forma nos preenche, seja na dor ou na euforia, é motivo de ser celebrada, o existir precisa ser lembrado. E ninguém melhor do que o poeta para dar esse significado!

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