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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

COMO A NOITE

DEMA
Lendo um texto de Cavalcanti publicado no "Blog Uneser Interativa" - A MATURIDADE É RESULTADO DA RACIONALIDADE -, vi uma expressão que me toca desde os tempos da juventude :"Cada dia que passa é um dia a mais e outro dia a menos". Existencialista, sempre me afetou essa verdade inexorável, mas que constitui exatamente espelho da finitude do ser criado. Isso fez-me lembrar de um fragmento escrito de 1975, que eu intitulara
"COMO A NOITE ".

Ei-lo:


Se vejo os ponteiros do relógio correndo, sei que estou vivo e caminhando para a morte. Embora não perceba que diferença ocorre na noite quando o ponteiro grande pisa o 12, tenho consciência de que um dia findou e, tendo sido a tarde chuvosa, perdi mais uma oportunidade de ver o sol se pôr no horizonte antes que se ponha sobre a minha tumba.

A noite caminha para o dia. Eu caminho para a morte. Mas, como ela espera pela aurora, espero eu o raiar de uma nova vida.

Um comentário:

  1. como posso considerar a noite como antítese do dia, ou a morte como oposta à vida, se ao que parece fazem apenas uma continuidade entre o que se vê e ao que se desconhece. Seria tudo aquilo que meus olhos escondem de mim? E se meus olhos estiverem me ocultando a vida na grande ilusão que seja a morte, ou ainda, fechando-se para a noite, onde muito do dia acontece??!!

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