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quinta-feira, 19 de abril de 2018

Por onde vaga?



dema


Por onde vaga o costumeiro olhar poético,
se, já faz tempo, não vislumbro a poesia?
Pousa em minh’alma um pesar quase patético,
assinalado por ódio e melancolia.

Não se condói, o coração petrificado,    
de quem implora por um pouco de afeto;
tampouco aplaude ao construtor juramentado
de um mundo novo em que o amor é predileto.

Surgem mazelas temporais e me incomodam,
travam o fluxo do pensar alvissareiro;
se me submeto, sou fantoche que me moldam,
então, combato-as fosse eu nobre cavaleiro.

Busco fugir desse torpor que fere a alma,
pra deslumbrar-me com o azul do horizonte,
brindar à vida porque dádiva e, com calma,
tecer poemas em que a beleza desponte.

Tomara logo de mim se aproprie o estro,
não seja eu, da poesia, um fratricida,
quero jorrar-me em versos qual um bom maestro
regendo a orquestra a uma plateia embevecida.

Ah, se viesse em meu auxílio a bela Érato
e acendesse na minha alma inspiração,
eu mandaria esse torpor arder no báratro,
para a alegria retomar meu coração.

http://www.demasilva.com.br/PINEDITOS/POR_ONDE_VAGA.html


sexta-feira, 6 de abril de 2018

Realidade material e espiritual



(dema)

O ser, sob ótica ontológica, embora realidade incontestável, põe-se incógnita desafiadora à inteligência humana.
De onde veio? Como se manifesta organizadamente no micro e no macrocosmo? Questões que aniquilam a razão humana ante incapacidade desta de desvendá-las.
De onde a energia primeira? Do nada? De um deus? E este deus? Do nada? Do sempre?
Se a matéria em si parece aberração inexplicável, quanto mais as manifestações (imateriais) de espiritualidade.
Como simplesmente conformar-se, o homem, fruto efêmero desta mesma realidade mutante?
Por mais que se raciocine, a existência continua um monstro indesvendável.
Talvez por isso seja mais cômodo criar teorias de fé. Mais fácil conviver com o mistério, pelacrença, do que enfrentá-lo com a razão.