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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Amor zumbi


dema

Viçoso câncer comendo-lhe a alma,
premer de um coração enfermo
pra expelir o sangue podre,
fel salivar carente de beijos,
profunda e perene dor da perda.
Desimportante a beleza, a ruga,
se apenas um momento:
simples olhar,
o sussurrar de um “Oi!”.
Quiçá névoa vagante
no espaço-tempo,
esse amor.
Maldito réquiem!

em demasilva

sábado, 28 de janeiro de 2017

Futilidades


dema

Futilidades, futilidades, futilidades...
Brotam do nada
e, cancerígenas bolhas de espuma plenas de vazio,
multiplicam-se.
Qual erva daninha na rotina da vida,
invadem a relação afetiva e ocupam o espaço
da tolerância, da harmonia e dos sentimentos bons.
Enchem o saco.
Traças do Demo, devoram o liame entre almas.
Ou se lhes mete um chute no saco
ou elas dão um “pé na bunda” do amor.
Arre!!!

EM DEMASILVA

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Malvadez?


dema

Senti-me hoje um torturador fascista.
Aspergi veneno nas palmeiras.
Frustrei eventual metamorfose
de centenas de gorduchas lagartas
que, ab ovo, sonhavam tornar-se borboletas.

Ah, lepidópteros filhos da puta,
que escalpelam e trituram as folhas pinadas,
quedam seu balanço e causam-me tristeza.
Depois, micro-ônibus rechonchudos,
sanfonam-se a grimpar as paredes da garagem.
Se não lhes piso a cabeça, com o esmagar crocante
e espirrar nojento de gosma verde,
ali se fixam e se crisalidam.

Desta feita cortei o fado mandruvalesco.
Vão se despencando trôpegas, nocauteadas
e rolam pelo chão.
Vejo, com prazer, contorcer-se e morrer o inimigo.
Abro um sorriso por deveras cruel.

em demasilva

sábado, 14 de janeiro de 2017

Ah, o azul!


dema

Basta-me o abrir dos olhos
e me deslumbro com o céu azul
misturando-se à cor do mar,
noturno espelho da cruz do sul.

Creio que minh’alma se veste
exclusivamente de azul,
para fundir-se com a tua
e expurgar o sentimento blue.

Se aponto para o horizonte,
identifico tom sobre tom;
com certeza, quis, o Criador,
que ele não fosse marrom.

De novo é o azul quem domina,
suave e sem monotonia;
e se a terra é vista do espaço,
enche os olhos de alegria.

Não desabono qualquer cor,
pois mera refração da luz,
prefiro, contudo, a do amor,
que à intensa harmonia conduz.


EM DEMASILVA