domingo, 20 de dezembro de 2015

Inimiga

dema

Que queres comigo?
Meu coração, tu destinaste ao inquilinato;
ódio, amargura e solidão disputam esse vazio.
roubaste meu tesouro único, o amor.
Me fizeste terra estéril a ervas boas,
sobrevive apenas joio.
Pior, levaste embora o amor próprio
e minha reserva de confiança.
Definho cotidianamente,
enquanto aguardo o restolho do que o fado me assegura.
Portaste, contigo, meu desejo de viver,
minha visão platônica de mundo,
sobrou-me tão só enxergar a vida inócua.
Não verás mais sentimento bom em mim.
Terá cruzado o limiar do amor e ódio, para deste se embebedar.
Nada ficou. Tudo enxotado enquanto me traías.
E como detesto os lapsos de lembrança de carinho e de ternura,
suplico respeito à minha debilidade,
ao meu direito de renegar-te,
de querer-te o mal,
o insucesso,
a morte lenta em desespero.
Hás de pagar dobrado pelo crime cometido.
Que meu sofrimento se triplique em ti,
minha aridez gere rebentos em tua alma;
que a seque,  a definhe.
E não digas jamais que não sou tua,
pois, confesso e juro:
tua inimiga.



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