domingo, 30 de agosto de 2015

Refugiado


dema
 (Aos milhares de refugiados em busca de sobrevida no velho continente).

Dá-me tua mão
e um pedaço de chão
onde fincar o pé,
por favor,
por amor,
pela fé.

Não tenho mais pátria,
sou filho, sou mãe e sou pai ,
me encontro doente,
faminto, sedento.

Preciso comer,
dá-me de beber,
(já nem sede sinto
não sei que é querer,
só me resta o instinto).

Não falo tua língua,
vê o medo em meus olhos.,
se não nos escolhos,
vou morrer à míngua,
de terror por lá
ou nas glebas de cá.

Expurgado da terra,
atirado ao mar,
onde se morre
sabendo nadar.
Vítima do ódio,
de grupos em guerra.

Tomam as cidades,
não importa a idade,
cortam cabeças
ou pregam na cruz
(Decepa suas asas,
não os livres, Jesus!),
estupram mulheres,
traficam crianças
e roubam a esperança
em nome de um deus
que seria (outro) Alá.

De onde venho,
eu mal sei falar,
do Médio Oriente,
do Negro torrão,
de Bangladesh,
de Myanmar,
é tanta gente,
de todo rincão,
difícil contar.

Não mais penso em vida,
tão só sobrevida
nas bandas de cá.
Piedade, piedade,
Senhor Ocidente,
me deixa ficar!



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Minha Menina


sábado, 22 de agosto de 2015

Fantasia


dema


Estamos a nos amar nalgum deserto,
sob árvore solitária e mui frondosa,
jovens nubentes em ato a descoberto,
posseiros novos da sombra dadivosa.

Precedente de nossos loucos gemidos,
deleitoso sussurrar, junto ao ouvido,
das carícias-serenatas de tua voz,
suo frio por esse encontrar a sós.
Recostado em belos seios-travesseiro,
me arrepio, de repente, por inteiro.
Vem o gozo em adejares alternados;
em seguida, languidez, corpos suados.

De mãos dadas, mil sorrisos, pés descalços,
(resta-nos somente o ermo por encalço)
o retorno pronto à vida em um compasso;
sim, corremos sem medir os nossos passos,
sincronia harmoniosa de almas gêmeas
(sem dúvida, quase nada heterogêneas).

Busca, o astro avermelhado, o horizonte.
Andejamos leves sobre as fofas dunas.
Brisa tênue varre a areia bem defronte,
alva trilha de roubar nossa fortuna,
macios rastos na caçada ao sol poente.
A enxotá-lo pra distante, o que se deve,
caminhamos presto rumo à noite breve,
a impedir abrase, além do que se atreve,
o areal aos nossos pés quase doentes;
evitar que expanda o rarefeito ar,
que, assim mesmo, inda vivos nos mantém.
Se a convite dessa noite houver luar,
com certeza, chegaremos ao além;
pendurada ao colo, a sorte, talismã,
prosseguimos à procura do amanhã.

Se me negas poder eu sonhar contigo,
por inferno, terei um vazio pleno,
ver-te em sonhos, eis o tudo que consigo
no isolado submundo em que me embrenho...



terça-feira, 11 de agosto de 2015

Porque te amo

dema

Jamais conheças a tristeza,
basta saberes ser-me, ela, antiga companheira.
Por favor, não me roubes a solidão
ou perderás o tesouro da alegria;
inda que em trajes de Vestal,
povoa-me a mente com arroubos de nuances líricas,
quando não mais pornografia putrefata.
É a mim que se apega.
Exsurges e adejas alto, mui acima dessa névoa espúria,
qual borboleta ninfa
a inebriar poetas lúgubres.
Preferível me viesses seminua,
no entanto, me excitas semideusa.
Impede meu pecado macular-te,
sob risco de afastar concreta ideia de pureza.
Para ornar teu trajeto,
externo ao círculo de fraqueza
a que me vejo circunscrito,
sonho orquídeas.
Fora dele, a melodia que entoas
faz-te musa dos meus versos mais sinceros.
És a negação da paz,
do atípico sossego de meu néant,
a razão de minha alma em turbulência,
porquê desta miserável pequenez.
Do seio do nada
envio-te deletérias mensagens de amor,
embora pretensas de portar o sublime.
Caso as leias, não te sintas afetada.
Melhor não ouses
retirar-me o mar de lama em que chafurdo,
fictícia existência.
Queda-te princesa, musa nobre!
Sê meu estro apenas!
Sê poesia do verso brotado à minha pena!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Notícia boa em manhã de segunda feira de agosto




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