domingo, 1 de junho de 2014

Aeternitas

dema

Nas horas lerdas da noite,
enquanto expõe a nudez do vazio desprovido de sentidos,
o silêncio absoluto diz-nos coisas desconexas.
Percebem-se as mínimas oscilações das ondas eletromagnéticas
a expressarem a preponderância da vida sobre o nada.
O movimento do eterno no espaço infinito
risca o escuro de giz branco com traço retilíneo,
concretando o paradoxo dos conceitos filosóficos opostos.
O silêncio profundo espanca a morbidez presente.
Absorve as esperanças perdidas dos desesperados
e abafa os gemidos de sodomizadas infâncias.
Não há azul nem vermelho,
tão só um opaco espelho,
onde névoas se reproduzem,
ausentes lembranças e futuro.
O momento dilata-se em tempo infindável.
Assim a vida, a paz e o espírito.
Longe, mil vezes, a aurora,
desnecessário novo dia.
Sem greve, sem tormento,
vive-se ad aeternum o momento.
A alma voa no inexistente firmamento.

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