domingo, 23 de outubro de 2011

Folha em branco

                                                               dema

Passando, vi-a toda em branco sobre a mesa
E imaginei-a com rabiscos de um poema.
Virá infortúnio eu macular sua pureza
Inda que nobres sejam os versos de meu tema?


Talvez aguarde ansiosa u’a mensagem
Plena de amor, de paixão e de ternura,
Como a donzela cuidando da maquiagem,
Pra ser amada por um gajo sem censura.


Então quiçá ali se encontre por olvido
Do que a tomara para lista do mercado
E pra cumprir um outro plano, esbaforido,
Nem se lembrara de onde tê-la colocado.


Mas me parece que a fortuna sobreveio
Por encontrá-la disponível pra recado.
O meu poema não seria um devaneio,
Mas um convite a alguém para um pecado.


Se por ventura aquiescência a ele houvesse,
Dela faria confortável espaçonave
A ser lançada pras estrelas quando desse,
Ou navegarmos nesse azul ultra-suave.


Deixada em branco qualquer folha sobre a mesa
Traduz sem dúvida senso proposital.
Instiga a mente a pesquisar-lhe a natureza
E à suspeita de que existe algo anormal.


...

sábado, 15 de outubro de 2011

Essa Juventude...

                                          dema

Quem dera eu pudesse entender
Esse “smart” jeito inconsequente
De agir, de pensar, de querer
Amoral, imoral, imprudente;


De cobrir-se com mil tatuagens,
Consumir álcool e pó entorpecente,
Entregar-se a qualquer sacanagem,
Perfurar-se e aferrar-se pingente.


Que de escola, de Deus, de família?
Que de vida se pensa pra frente?
Nem se sabe se é João ou Maria
E se amor é pra anjo ou pra gente.


Ai de quem lhe opuser obstáculos,
Já que a vida lhe soa banal,
Nada custa estender-lhe os tentáculos,
Dar-lhe fim na pior bacanal.


Vale Eros, Medeia e Nero,
Vale o corpo, o copo, o arrojo.
Pra galera, o sério dá nojo.
Trabalhar? Pernas pra que te quero!


Eis um quadro deveras macabro
Maculando a atual sociedade.
Chega ao cúmulo do descalabro,
Deturpando a melhor das idades.


Há de haver uma luz no horizonte
A nortear essa bel juventude.
Do futuro, em verdade, ela é fonte
E esperança que pede atitude.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

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Hoje, 06 de outubro de 2011.

Às 14:45 hs, Karine e André casaram-se
no civil.
Pareceram-me muito felizes.
Restou em mim um vazio dolorido,
perda grande.
Sinto-me murchando um pouco mais.
Há de ser o início do sozinho,
aquele da terceira idade.
Como se me arrancassem um pedaço,
mas doendo no coração,
no fundo da alma.
Desejo-lhes o bem, construção, sucesso
e me brindo com um troféu de amargura,
fruta ácida enrugando a boca,
tamarindo verde ou cajá-manga só de vez.
Vivam a vida!!!
Façam-se!!!
Deus lhes seja o guia, a luz, o apoio e
lhes encha de graças.
Amém.