quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A vida


Dema

Qual raio de luz cruzando o espaço,

a vida passa

e imprime no tempo indelével marca:

a lembrança.

                    Na razão da intensidade,


                         será uma estrela fulgurante


                              ou de luminosidade opaca.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Ausência

Para minha Filha.

Tua ausência obsta-me o adormecer
E aos meus sonhos sóbrios embaralha,
Lembrança doce, amarga, oh! cruel batalha,
Retorce minh’alma angustiada a gemer.

Sangram-me fel em dias enfadonhos
As lágrimas ardentes que em meu rosto espalha
Ver teu desespero, de saltar muralhas,
A distância e o tempo, oh! monstros medonhos.

Pior é o alerta de que a vida passa
E que por tua ausência faz-se empobrecida.
Quiçá me tenha ela sido merecida
Ou então por ti, para que volte à graça.

Tomara Deus me alongue mais os anos
Pra te ver feliz com o retorno à vida
E sentir de todos ser a mais querida,
Conquistar com louros os teus novos planos.

Que esse interstício seja de esperanças
De memórias boas, nunca as amargas.
Que o relógio corra, vou lhe dando as cargas,
Hemos de aguardar, não somos mais crianças.

                             .........
COMENTÁRIO


Professor Eduardo Humberto de Carvalho, com vasto conhecimento de Literatura, Gramática e Linguística, tendo atuado por anos no magistério (Ensino Superior e Médio), escreveu:

"Os textos de arte literária se diferenciam, sobremaneira, de outros textos. Há elementos intrínsecos a eles que nos permitem efetuar esta diferenciação quais sejam: a linguagem, o conteúdo, a criatividade e a originalidade. No poema “A ausência”, estes requisitos estão muito presentes. Agrega-se, ainda, a seleção vocabular que incorpora à literariedade do texto.
Mas, o que me chama atenção é, sobretudo, a carga emocional do poema. Não é emoção vazia e gratuita. Ela se torna prenhe de uma carga emocional profunda, e paradoxal repleta de “lembranças doce e amarga” que a “distância e o tempo” não podem mitigar.
A certeza da transitoriedade da vida - tempo recorrente do fazer poético – faz-se presente com maestria, precisão e espontaneidade e traz, em seu bojo, aquilo de que todos nós carecemos para continuarmos a nossa jornada: a esperança – muito embora não sejamos mais “crianças”.

Eduardo Humberto"