sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Memorial e subjetividade

dema

Não faz muito tempo (2009), veio a lume o livro de Elza de Melo Montes Resende, intitulado “MEMÓRIAS SUBMERSAS DA CIDADE DE NOVA PONTE”(1), publicado pela Assis Editora (Uberlândia/MG). Mais recentemente (2011), Carlos Segundo lançou um “documentário”, de 75 minutos, sobre a mesma cidade – “No fundo nem tudo é memória” -, defendendo a tese de que “reconstruir uma história nada mais é do que inventar outra”.
Vistas tais produções e, comungando com o pensamento do produtor do filme, pude constatar, tendo passado minha infância na cidade submersa rememorada, que afora as fotografias de época (do livro) e descrições físicas de ruas e acidentes geográficos, as narrativas são particularizadas, recheadas de lembranças muitas vezes vestidas pelo imaginário de cada um, divergindo profundamente das reminiscências que trago de quando menino pobre que ali vivi. Eis, pois que entendi necessário manifestar-me como segue.


“Operar a ressurreição de memórias submersas é criar um mundo novo, subjetivo, virtual, carregado de lembranças, de afeto, melancolia, saudade.
Objetivamente, não retrata o evocado. Cada estória faz-se alicerce a sustentar a neoedificação.
Os operários da evocação abrem suas almas e exteriorizam, a seu modo, a seu sentir, a seu ver, marcado por experiências pessoais, profissionais, status sociocultural e econômico, lugares, imagens, lendas e mitos que rememoram.
A obra nova mal lembra a paisagem embaçada do passado. Traz, em essência, um mundo espiritualizado, resultante de mistérios humanos vários, tantos quantos são os narradores e os relatos de terceiros reconstituídos.
Esse “memorial” é poético e, ao mesmo tempo, assustador. Denota o sentimento de perda, de efemeridade.
A lembrança boa dá carona à melancolia.
A ruim vira lenda.
A obra nova, ainda que bela, é triste.
Será para sempre, mas integrante dos anais de reconstrução que serão ou não vistos e lidos. Integrará bibliotecas físicas ou virtuais, cinematecas e outras tecas, mas algo à semelhança do hiperurânio platônico.
O saudosismo invade a narrativa, fazendo rolar a lágrima, enaltecer o feito medíocre.
Pode trazer alento ao construtor e seus operários, porém, seu valor há de ser meramente afetivo e, talvez, mais “estórico” do que histórico.
Épica ou poética, trata-se de algo novo construído artificialmente.
Se muito bem feita, é arte e passa a valer por si.”

____________________________________________
(1)RESENDE, Elza de Melo Montes Resende. Memórias Submersas da Cidade de Nova Ponte. Uberlândia, Assis Editora, 2009.
Vasculha as remotas Bandeiras que chegaram ao “Sertão da Farinha Podre”. Narra a formação dos Distritos de São Sebastião e de São Miguel e sua fusão para constituírem o município de Nova Ponte. Discorre sobre as várias pontes construídas sobre o caudaloso rio Araguari, inicialmente para dar passagem ao gado sertanejo proveniente de Goiás e do Oeste Mineiro, tangido para os matadouros paulistas. Historia fatos e acontecimentos até o desaparecimento da cidade velha e a transposição para a nova, por força do enchimento do reservatório construído pela CEMIG para a hidrelétrica de Nova Ponte.
Elza, com muita propriedade, brinda-nos com informações sobre a ocupação da terra pelas tradicionais famílias “Montes” e “Melo” e sua miscigenação com “Pereiras”, “Resende”, “Pinto” e “Gomes”. Descreve as antigas fazendas, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX e o estilo de vida (costumes, religião, festas) de seus moradores.
Elza alicerça sua narrativa em obra de Soares de Faria, publicada em 1939, em pesquisas realizadas junto a arquivos do Município, do IBGE, da CEMIG, UNB, Cartórios, dentre outros, e reproduz, ainda que sem rigor científico, as raízes e a evolução da cidade e de seu povo.
Paralelamente, mas integrando o contexto histórico, desfila a genealogia dos “Melo” e “Montes”, até os dias atuais.
A autora, durante longos anos, veio desenvolvendo seu trabalho, culminando num acervo muito rico de fatos, “causos” e fotografias, grande parte de sua propriedade.
Vale a pena conferir o resultado dessa empreitada.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Se a paixão não tem cura...

dema

Saudade não conta idade
nem paixão tem solução,
se existe amor de verdade
há entrega sem falsidade,
coração pra coração.

Se vives assim tristonho
nas garras da solidão,
alguém roubou o teu sonho
e o teu jeito tão risonho
ou tu sofres de paixão.

Se eu conhecesse um remédio
pra curar desilusão,
daria fim no teu tédio
e ainda que por assédio
trocaria tua visão.

Mas se a paixão não tem cura,
quem sabe se um novo amor
com recheios de ternura,
afago e afeto em fartura,
não te extrairia essa dor!

Se tu acreditas que o fado
é quem ordena tua vida,
terás de agir com cuidado,
pois se tu és comandado,
tua sorte é comprometida.

Melhor pensares diverso,
que podes mudar teu viver,
se a felicidade é o reverso
da mágoa em que estás imerso,
por que não hás de a merecer (?)

Se somos o que fazemos,
se só se vive uma vez,
a sorte, nós a tecemos,
remamos com nossos remos
“fora com a placidez!”

Saudade não conta idade
nem paixão tem solução,
se existe amor de verdade
há entrega sem falsidade,
coração pra coração.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um olhar, uma piscadela...

dema

Havia uns olhos verdes raros
por detrás de uns aros claros.
Se não era feia, igualmente, não era bela...
Um olhar profundo e uma piscadela...

Foi esta fisgada assim
que me pôs fora de mim
e ocorreu na passarela,
certamente a vida dela.

Qual projétil sibilante,
acertou-me fulminante
esse vasculhar de alma;
expulsou a minha calma,
fez incêndio no meu peito,
mesmo sem qualquer direito,
obscureceu-me a mente,
me tornou homem demente.

Será a musa que faltava
e que há muito eu procurava
para inspirar o meu verso
e embarcar rumo ao universo?

Tão só um verde raro olhar
que se seguiu de um piscar
já se dando por bastante
para este poeta errante
pensar que se encontra a amar;
para encher-se de desejo,
sonhar com amor sobejo,
dês então pôr-se a cantar:

“Visão que passeia
bronzeada na areia
ao sol de verão,
vê meu coração!
Espanta a tristeza
e, por gentileza,
me abraça, me beija
em sabor de cereja!

Visão que passeia
bronzeada na areia
ao sol de verão,
vê meu coração!
Espanta a tristeza
e, por gentileza,
me abraça, me beija
em sabor de cereja!”

Havia uns olhos verdes raros
por detrás de uns aros claros.
Se não era feia, igualmente, não era bela...
Um olhar profundo e uma piscadela...




quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Lançamento: Camarinhas de Poesia

CAMARINHAS DE POESIAS


Lançamento


Ontem, 22/12/11, fizemos o lançamento de CAMARINHAS DE POESIA, uma obra organizada por Ivone de Assis e Lucilaine de Fátima. São quinze autores que disponibilizaram alguns de seus poemas versando sobre o amor. O livro foi publicado pela Editora Assis, de Uberlândia, MG, onde se encontra disponível para aquisição.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

No El

dema

Renas encangadas a um trenó,
levitando entre estrelas mil,
sobrevoam o imaginário.
Conduzem Santa Klaus de polo a polo
(velhinho obeso, longa e alva barba,
gorro e vestes largas escarlates e emplumadas),
com enorme saco de presentes,
que as chefes mães e os mal trajados pais
hão de lhes ver debitados.
Eis que desponta a estrela d’Oriente
com raios multicoloridos, quais desejos do povo, que,
menos pessoas e mais massa,
esposa os reclamos de consumo
e se esbalda com as sacolas de dez a vinte e quatro prestações;
ou com o peru rechonchudo a comer
amanhã o mingau das crianças
e a bicar fundo o material escolar do ano próximo.
Jingles de marcas e imagens excitam apetite e mentes desse povo crédulo, seduzível, inocente.
Noite Feliz e “Jingle Bells” cedem o espaço para a magia de “Happy Christmas” do mago Lennon fazer o fundo melódico natalino.
Trazendo à baila a servidão industrial,
vendedores temporários cobrem, suados,
as dezoito horas diárias.
Empanturram-se as gavetas dos “antes, ores e istas”
(fabricantes e importadores, distribuidores e atravessadores, financiadores e varejistas).
A ilusão sacia estômago e mente:
massa feliz, mundo demente.
Não vejo o menino-Deus chorar. Não nasceu.
Prescindível novo Herodes.
Basta o pecado “capital”.
...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os três peludinhos


                                                                                dema
Três peludinhos dormem o sono dos anjos bons.
São dezesseis horas e vinte minutos.
Conhecem os próprios nomes e donos,
se estão ou não com fome.
Distinguem afeto de grosseria.
Um deles canta comigo quando assovio.
Imagino que o faz porque a melodia lhe agrada
ou porque o som fere os tímpanos de seus aguçados ouvidos.
Possivelmente goste, porque não morde e nem foge.
São fiéis e carinhosos.
Preferem estar sempre perto.
Se pensassem, talvez fossem diferentes.
Perceberiam meu egoísmo, minha indiferença e
não mais me amassem ou jamais teriam me amado.
Quando muito, em som mal uivado,
pelo alimento diriam obrigado.
Não se sabem passageiros,
não se mostram acabrunhados.
Em largos leques abanam as caudas e ganem ansiosos
se há sorvete açucarado,
se de leite há pão molhado.
São por demais curiosos com o que ocorre ao lado,
festivos ao visitante,
arredios, se desconfiados.
O que restará deles daqui a dez anos?
Quiçá lembrança:
do papai Sushi, nariz de figo;
da Bebel, filhinha que nem cruzou;
do Tutuco, o gordo lambedor de olho.
São dezesseis e quarenta.
Ainda dormem, ressonando, o sonho dos anjos bons.
...

domingo, 11 de dezembro de 2011

Um pedacinho de paraíso

YQUARA.

Um pequeno clube à beira do lago de Cachoeira Dourada - MG. Você no meio do verde. Água quente e salgada. Ideal para um fim de semana. Um pedacinho de paraíso para ser desfrutado.

Confira:

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Temas

                               dema

Enquanto a vida sorri,
grave ameaça é a morte.
Assim foi dês que nasci,
só pude contar com a sorte.


Tomado de liberdade,
quis traçar o meu destino,
porém, não detinha idade,
era então demais menino.


Voltei-me para o abstrato,
pra conquistar o concreto,
dialético e circunspecto,
que a síntese pague o pato.


Descobri que a vida passa,
sou apenas criatura,
ser contingente (oh, que graça!)
e que suicídio é loucura.


Parece contradição:
criado quer ser eterno;
eterno vem ser irmão
e nada disso é moderno.


Inda em minha juventude,
dei de frente co’a paixão,
demandando-me atitude
pra enfrentar desilusão.


Eis que, enfim, o amor chegou
e com ele a poesia.
Se o primeiro não durou,
me assaltou com maestria.


Fruto dele é a saudade,
essa eterna companheira,
que murchou-me a mocidade
pra marcar minha vida inteira.


Trouxe junto a solidão,
tornando-me seletista.
Inda bem que deu u’a mão
pro medíocre artista.


Canto a beleza da vida
Da natureza, do amor,
Mesmo da paixão sofrida,
se, pois, tão bela é essa dor.


Hoje canto a liberdade,
canto tristeza e alegria,
toda amizade que um dia
nos faz chorar sem vontade.


Não tenho medo da morte,
muito bem me dou co’a sorte.
Fora! xô, xô, vadiagem!
Toco a vida com coragem.


Se fiz disso meu projeto,
ou se é mero resultado,
subjetivo e indiscreto,
esse é o espelho do meu fado.




...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Qual a sua?



                             dema

Por Zeus!
De setembro a agosto
Permanece em meus lábios
O gosto dos lábios seus.
Foi-se uma vida inteira,
Mas a minha cabeceira
Sua imagem ainda ronda
E adentra sem licença
Os sonhos meus.
Que amor tão louco esse,
Oh, meu Deus!!!


Maldito Sacana,
Você pensa que me engana.
Na cama diz que me ama,
Porém, não me chamo Ana.


Poderoso como um deus,
Vive se vangloriando,
Se ao menos junto aos seus,
Fosse um pouco mais humano!


Mui bem sabe que o traí,
Inda qu' hoje o ame demais.
Talvez contem por aí,
Confirmar é que jamais.


Se lhe ter já é ruim,
Não lhe ter é bem pior.
Já cantava o velho aedo Tremendão,
Repetindo sua avó:
"Antes mal acompanhado(a) do que só."


Sua aventura virou minha desventura.
A seu favor labora sempre o meu amor.
Mas que culpa o rebento de outrem tem?
Ah, com você irei pra onde o vento for.


Por Zeus!
De setembro a agosto
Permanece em meus lábios
O gosto dos lábios seus.
Foi-se uma vida inteira,
Mas a minha cabeceira
Sua imagem ainda ronda
E adentra sem licença
Os sonhos meus.
Que amor tão louco esse,
Oh, meu Deus!!!

domingo, 27 de novembro de 2011

Senhora liberdade

                                dema

Eu quis fazer um poema
Pra saudar a liberdade,
Me embaracei com o tema,
Por pouca capacidade.

Liberdade, liberdade!
És nobreza do humano,
Que se gaba mui ufano
Em possuí-la de verdade.

Busquei sempre sua conquista,
Ser senhor de meu nariz,
No “front” eu fui ativista,
Trunfo para eu ser feliz.

Vislumbrava a opressão
Como algoz do meu viver
Mas sempre co’a pretensão
De a matar com meu querer.

Quão surpreso ao descobrir
Que ser livre é massacrante,
Pois a escolha vai surgir
De peleja resultante.

Liberdade é soberana,
Sobrepõe-se ao misto ser
Puro afeto e razão sana,
Que, submisso, há de sofrer.

Liberdade é exigente,
Quer se obrigue pelo ato.
Doma o instinto, se presente,
E abomina o imediato.

Me interrogo de repente:
Liberdade vale a pena?
Inda que menos decente,
Talvez... trilha mais serena!

Ser escravo da opressão
Ou servo da liberdade:
Quem me diz qual opção
Trará a felicidade?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O menino da casa ao lado

dema


De pouca conversa e nada engraçado,
Vem vindo o menino da casa ao lado.
Sempre triste vem, sem causa aparente;
Se enturma, porém, mui fácil com a gente.


Ainda criança, virou companheiro
De festa ou igreja, passar o dia inteiro,
De escola, de risos, de estripulias
E até de amores com as primas Marias.


Foi parceiro meu das mil pescarias,
Nos jogos de truco, bola vazia;
Quando preciso, também na desgraça,
Chorava comigo e sempre de graça.


Se no futebol a dupla vencia,
Troféus de cerveja e de boa cachaça
De um gole sorviam, e as taças vazias,
Com mútuo apoio nas próprias carcaças.


Mui cedo sentira na pele o fado,
Morrera-lhe o pai, seu irmão em seguida.
A morte o visava, fechando o quadro,
Talvez pra aumentar-lhe a bruta ferida.


Cedo casou-se, foi ser professor.
De paixões sofreu sem ter dado causa.
Se fez de cupido de um meu grande amor
Que, malfadado, hoje me dá náusea.


Quis o infortúnio arribar estandarte,
Levando avante a missão cafajeste
D’erguer-lhe uma tumba sem obra de arte:
O nefrologista não era celeste.


Durante algum tempo ombrou dura cruz.
Pra tamanho lenho era pequenino
Quando aos trinta e três, tal como Jesus,
Partiu quem nasceu pra morrer menino.


Em meu sentimento, perdi um irmão,
Bem mais que de sangue, de coração.
De pouca conversa e nada engraçado,
Foi embora o menino da casa ao lado
...

domingo, 23 de outubro de 2011

Folha em branco

                                                               dema

Passando, vi-a toda em branco sobre a mesa
E imaginei-a com rabiscos de um poema.
Virá infortúnio eu macular sua pureza
Inda que nobres sejam os versos de meu tema?


Talvez aguarde ansiosa u’a mensagem
Plena de amor, de paixão e de ternura,
Como a donzela cuidando da maquiagem,
Pra ser amada por um gajo sem censura.


Então quiçá ali se encontre por olvido
Do que a tomara para lista do mercado
E pra cumprir um outro plano, esbaforido,
Nem se lembrara de onde tê-la colocado.


Mas me parece que a fortuna sobreveio
Por encontrá-la disponível pra recado.
O meu poema não seria um devaneio,
Mas um convite a alguém para um pecado.


Se por ventura aquiescência a ele houvesse,
Dela faria confortável espaçonave
A ser lançada pras estrelas quando desse,
Ou navegarmos nesse azul ultra-suave.


Deixada em branco qualquer folha sobre a mesa
Traduz sem dúvida senso proposital.
Instiga a mente a pesquisar-lhe a natureza
E à suspeita de que existe algo anormal.


...

sábado, 15 de outubro de 2011

Essa Juventude...

                                          dema

Quem dera eu pudesse entender
Esse “smart” jeito inconsequente
De agir, de pensar, de querer
Amoral, imoral, imprudente;


De cobrir-se com mil tatuagens,
Consumir álcool e pó entorpecente,
Entregar-se a qualquer sacanagem,
Perfurar-se e aferrar-se pingente.


Que de escola, de Deus, de família?
Que de vida se pensa pra frente?
Nem se sabe se é João ou Maria
E se amor é pra anjo ou pra gente.


Ai de quem lhe opuser obstáculos,
Já que a vida lhe soa banal,
Nada custa estender-lhe os tentáculos,
Dar-lhe fim na pior bacanal.


Vale Eros, Medeia e Nero,
Vale o corpo, o copo, o arrojo.
Pra galera, o sério dá nojo.
Trabalhar? Pernas pra que te quero!


Eis um quadro deveras macabro
Maculando a atual sociedade.
Chega ao cúmulo do descalabro,
Deturpando a melhor das idades.


Há de haver uma luz no horizonte
A nortear essa bel juventude.
Do futuro, em verdade, ela é fonte
E esperança que pede atitude.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Enlace

Hoje, 06 de outubro de 2011.

Às 14:45 hs, Karine e André casaram-se
no civil.
Pareceram-me muito felizes.
Restou em mim um vazio dolorido,
perda grande.
Sinto-me murchando um pouco mais.
Há de ser o início do sozinho,
aquele da terceira idade.
Como se me arrancassem um pedaço,
mas doendo no coração,
no fundo da alma.
Desejo-lhes o bem, construção, sucesso
e me brindo com um troféu de amargura,
fruta ácida enrugando a boca,
tamarindo verde ou cajá-manga só de vez.
Vivam a vida!!!
Façam-se!!!
Deus lhes seja o guia, a luz, o apoio e
lhes encha de graças.
Amém.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vadiagem

                                                                             dema

Perambulo pela quadra na calçada e, sem cautelas,
Pisoteio os cacos verdes de garrafas da noitada
Que os gajos descuidados derrubaram das janelas,
Perfurando-me os solados nessa ação pouco pensada.


Dos pés sangram-me as plantas, como se desprotegidas,
Espelhando a consciência das donzelas medievas,
Que aos caprichos dos mancebos se entregavam ressabidas,
De joelhos confessando-se aos padrecos mais piegas,


(Porém, ávidos dos fatos da alcova dos gaiatos
Pra espalharem na aldeia mesmo à guisa de boatos,
Ou lograrem algum proveito, fazendo uso de chantagem,
Dos valetes poderosos bulinando a criadagem).


Que assim fosse eu quisera nessa era hodierna,
Mas é o Eros quem impera sobre a anaxiologia,
Vangloriando liberdade e mania ultramoderna,
Os estranhos se entregam em jornadas de orgia.


Certamente ora bocejam nas pranchetas de trabalho,
Gracejando entre colegas sobre quem foi mais canalha,
Navegando na internet à procura dos relatos,
Mal cumprindo seus deveres acordados em contrato.


Ou então já se organizam para a próxima parada
De consumo, de erotismo, de outra farra agitada,
E no dia imediato, ao fim do coito abusado,
Perguntar-se ela a ele: Qual seu nome, meu amado?


Cacos verdes pisoteados, cacos d’almas mui vazias.
Me questiono assoberbado: Até quando se vadia?
Vida é só boemia ou há esperança nesse quadro?
Pode alguém me responder ou somente eu estou errado?
...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Afonso Cavalcanti - o poligraduado

Recebi e-mail de Jandaia noticiando-me sua 4ª graduação no Ensino Superior, agora em História. Não bastassem as outras, é Mestre, Doutor e "n" vezes pós-graduado. Sua colação ocorreu em 10/09/11, tendo sido o oradador da turma, ocasião em que proferiu o discurso a seguir.

Parabéns, Senhor Mestre e Doutor.

Eis sua fala:

CULTURA, SOCIALIZAÇÃO E MODIFICABILIDADE: FORMATURA EM HISTÓRIA  *Afonso de Sousa Cavalcanti  - afonsoc3@hotmail.com

Primeiramente a saudação a todos os convidados e que estarão compondo a mesa de formatura....Estimada Professora Ana Tereza Fraga, nossa ilustre tutora, orientadora e amiga...Queridos formandos em História pela UNIASSELVI... 
Nossa permanência no Curso de História nos proporcionou mudanças profundas em nossos seres. Aqui chegamos na condição de acadêmicos para galgar pouco a pouco os degraus dos saberes e atingir a meta de detentores do Diploma de graduação em História. O MEC informa que menos de 12% dos brasileiros conseguem atingir a possibilidade de conclusão de um curso superior. Hoje estamos ultrapassando esta barreira.A socialização deste curso nos submeteu a um processo através do qual, ao longo de três anos,  aprendemos e interiorizamos os elementos socioculturais oferecidos por intermédio da base da matriz curricular do Curso de História, sob a administração da UNIASSELVI e com a ajuda impar da Professora Ana Tereza Fraga. Os meios a que fomos submetidos, via conteúdos e estratégias de ensino do EAD, nos proporcionaram modificações profundas na estrutura de nossa personalidade. Antes éramos simples acadêmicos, hoje somos graduados em História, dotados de direitos e obrigações para ensinar. Fomos influenciados por experiências e agentes sociais significativos e nos adaptamos ao ambiente social qualificado por conhecimentos da historiografia.
Este processo foi alcançado por nós na organização do Curso de História através de três classes significativas de objetivos. Nesta grande organização chamada UNIASSELVI e sob o comando da nossa competente tutora, Professora Ana Tereza Fraga, modificamos nossas fragilidades individuais e buscamos alguns objetivos, tais como: aprender a aprender, gostar de conhecer, conviver em grupo e agora ser graduados para garantir o direito de sermos professores.
A análise sociológica nos leva a entender que, nesta organização chamada Curso de História, os indivíduos procuram pelo poder, pelo status, por ascensão na escala hierárquica. Os objetivos podem ser vistos quando executamos as tarefas interessantes (participamos das aulas, fizemos discussões em grupo, realizamos as avaliações diversas e caminhamos para o desenvolvimento e sucesso profissionais). Para tanto, os três objetivos ou variáveis sociais são vistos e explicados nos termos TECNOLOGIA, PRECEITOS E SENTIMENTOS. Por Tecnologia, entende-se o saber fazer, como fazer, como adquirir a teoria e a prática necessárias para executar com perfeição as tarefas almejadas, tais como: ser professor e também pesquisador. Por Preceitos, conferem-se as leis, as normas, as regras, os regulamentos, os mandamentos, todo e qualquer ordenamento que recai sobre o sujeito agente, orientando-o, no sentido correto, para que o executor de tarefas alcance êxito pleno. Os Sentimentos compreendem o fechamento dos objetivos, Se houver o alcance pleno da tecnologia, acompanhado da concepção correta dos preceitos, dificilmente os sentimentos poderão falhar. Por sentimentos positivos, pode-se afirmar filosoficamente que estes se fundamentam no bom uso das três faculdades individuais: a racionalidade, a sensibilidade e a intuição.
Durante estes anos de frequência no Curso de História vivemos os três momentos da dialética: o positivo, o negativo e a unidade. O positivo sempre esteve demonstrando os bons resultados, como o direito de ingresso no curso (via vestibular ou através de comprovação de documentos que conferiam participação anterior em curso superior), como a permanência com resultados satisfatório nas obtenções de notas e de frequência satisfatórias e mais, nas boas possibilidades de poder pagar as mensalidades. O negativo nos rondou em todo o tempo, nas condições que nos causaram alguns sofrimentos, cansaços e desgastes. Estes podem ser vistos nos sacrifícios das viagens de nossas casas até o local do curso, nas economias feitas para honrar com as obrigações financeiras da Uniasselvi, nos medos de ter que enfrentar notas baixas e até mesmo ter que fazer novamente as disciplinas. A unidade apresenta o positivo e o negativo ao mesmo tempo. Como positivo do momento da unidade fica o gosto, o prazer e a satisfação de obter um diploma de licenciado em História e de ora em diante conquistar uma vaga de professor no Ensino Fundamental e Médio e ainda abrir novas portas para a pós-graduação. Como negativo da unidade, podemos perceber que, de ora em diante, seremos responsabilizados pela condição de poder ensinar, de poder abrir as mentes de nossos aprendizes para que sejam sujeitos críticos do sistema e o mais grave deste negativo é o de saber que o professor não é um profissional valorizado como deveria ser.
Querida Professora Ana e queridos colegas de turma, Ivaiporã, o Paraná e o Brasil nos acolhem porque conseguimos vencer. Os brasileiros e principalmente os paranaenses poderão contar conosco, pois agora somos mais em tecnologia, em preceitos e sentimentos. Nós amamos o Brasil. Viva a História! Sejamos felizes!
Muito obrigado!
Afonso de Sousa Cavalcanti.

domingo, 11 de setembro de 2011

No quente verão...

                                         dema

Estende-se a noite
A prolongar o dia.
A janela aberta,
Um calor de açoite.
Alhures, o sono deambula
E a mente, desperta,
A seu turno, qual vadia,
Pelo tempo fugidia,
Em lembranças e temores
Perambula.


Prazeres e mazelas brotam virtuais,
Perpassados todos sem cronologia,
Vão ditando a ordem, como em rituais,
Forjados na premência de sua ousadia.


Que será de Tânia? E de Manoela?
Onde a Betânia, onde a Gabriela?
Quem lhe diz de Vânia, sua Cinderela?
E de Edivânia, a linda prima dela?


Ainda menino e as estripulias
De brincar de pique, de morder as tias,
De brigar na escola, de coçar ferida,
Passar merthiolate, hum! que dor doida;


E depois da escola, de vazar pra roça,
De correr da vaca por causa da cria,
Dar-lhe uma pedrada, entrar na palhoça,
Morrendo de medo, pois se o chifre enfia...


Quando adolescente, perdido em si mesmo,
Mas buscando a esmo profissão decente,
Pinta Mariana, ah! Deus, que princesa!
Porém, vagabunda, só tinha beleza.


Que calor terrível, oh! Senhor da brisa,
Por que não dormir, sonhar com a Monalisa?
Eis que se aproximam novos devaneios
Ocupando a mente com outros passeios.


E se não bastantes, surgem os temores
Com filhos crescidos e com os seus amores,
Se há grana pras contas e para um projeto,
Pensar o amanhã, mas embaixo a um teto...


Assim segue a noite,
A emendar com o dia,
Cabeça pesada,
A cama vazia,
Um banho gelado,
O amargo café,
Uma Ave Maria,
O pé na estrada
E em Deus muita fé.


Amém!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A MISERICÓRDIA DE DEUS E O HOMEM PECADOR

Afonso de Sousa Cavalcanti – Ex-seminarista redentorista: 1969-1974

Ao admitir que os seres humanos, antes do processo civilizatório, experimentaram os sofrimentos do estado de natureza e viveram por séculos mergulhados em guerras e conflitos, onde suas vidas eram “curtas, sórdidas e embrutecidas” (HOBBES, 1983), CERTIFICA-SE QUE:
a) milhares de instituições organizaram saberes com o intuito de regimentar os direitos naturais em direitos civis, evitando os conflitos sociais de todas as naturezas;
b) após o entendimento e a sensibilidade de pesquisadores engajados nas ciências humanas e sociais, novos métodos comportamentalistas foram criados, de forma a facilitar a compreensão e aceitação da moral provisória instituída pela nova sociedade civil;
c) com a existência do Estado e com as definições de suas formas de soberania, em muitas nações, houve lugar especial para o culto religioso. E, com a excelência da religiosidade, pode-se dizer que o Cristianismo trouxe à luz um novo tempo, veio com ele a chave de ouro bíblica: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vos a eles. Esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7,12);
d) com a Pedagogia Cristológica, a Igreja Católica colocou em prática os sacramentos instituídos por Jesus Cristo. Com grande eficácia, os participantes ativos se aproximam da graça divina. O confessando, num gesto de pura humildade, esvazia o peso de sua consciência moral, narrando em voz alta os erros por ele cometidos. O confessor, ordenado pela bondade infinita de Deus, usa da misericórdia do Senhor e perdoa os pecados;
e) a misericórdia divina é grandiosa e redentora para perdoar e salvar todos aqueles que erraram por pensamentos, palavras e obras maledicentes.
Aprendemos com os bons confessores e neste texto quero prestar uma fervorosa homenagem ao padre Hélio Libardi, CSSR, que com sabedoria nos ensinou que: o cristão que vive em bom estado de oração, comunhão, esmola e outras asceses religiosas, este dificilmente cai em pecado grave. Neste caso, quando precisar buscar um sacerdote para se confessar, pode dizer a ele que veio “solicitar a renovação do perdão de seus pecados”, pois no período em que está vivendo, após a última confissão, este tem convicção de consciência que não se afastou da comunhão com a sua Igreja. Afastar-se da comunhão com a Igreja é pecar. O pecado consiste em matar, explorar, excluir, diminuir, afastar o outro de seus direitos individuais e coletivos. Para este padre, DEUS NOS QUER SEMPRE BEM NA MEDIDA EM QUE O BUSCAMOS.
A excelência da vivência cristã, não importa o lugar, o tempo e a idade, é um processo de transformação que a pessoa experimenta gradativamente e que a conduz para o lugar da conversão. Para Santo Agostino, o amor habita somente naquilo que existe. Para ele, ninguém poderá existir sem amar. Amar implica em buscar o objeto do amor e, para isto, é preciso verificar que amar implica em escolher, logo a escolha que o ser humano faz é querer muito bem a existência. O ser humano para ser feliz precisa que ame o mundo e a sua existência. Quem ama a existência quer ter uma vida longa e este tempo, esta longevidade, exige que a pessoa procure a conversão. Converter-se implica em uma mudança total de vida. Aquele que se converte, muda os modos de vestir-se, de falar, de agir, passando por três estágios fundamentais: a busca incessante de conhecimentos; a criação e desenvolvimentos de hábitos bons; a tomada de atitudes. Se as mudanças existem na vida daquele que se converte, isto não é por acaso, pois Deus providencia tudo para que as mudanças ocorram. O amor é o ponto central ao qual o homem se dirige para garantir a sua própria existência. Se assim não o fosse, viveríamos imersos na solidão e no egoísmo e, conseqüentemente, assistiríamos o fim da epopéia humana sobre a terra, pois as pessoas não se uniriam às outras, garantindo, desse modo, por exemplo, a procriação e a sobrevivência da própria espécie. Entre o amor e o ser existe uma reciprocidade. O amor é envolvido e abrangido pelo ser. Se isto acontece conosco que somos seres mortais, imagina o quanto é grandioso o amor de Deus para conosco, pois ele é o puro amor e misericórdia.
ABBAGNANO, Nicola. Santo Agostinho. In: História da Filosofia. Trad. Antônio Borges Coelho. Vol. II. Lisboa: Editorial Presença, 1969. pp. 197-225.

AGOSTINHO, Santo. Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e Ambrósio de Pina. São Paulo: Abril, 1973. [Os Pensadores].

HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

sábado, 3 de setembro de 2011

CENÁRIO

                                                                                                                                          dema
Na cozinha anexa ao banho
E vice-versa,
Arquibancada à esquerda, pra deleite do que especta,
Tento enroscar torneira à luva do tubo hidráulico
Em terminal de pia, mas o cano não seguia...
Então a ducha no chuveiro do quartinho já sem porta...
Mas onde? Cadê o duto, a luz, nem porta. Importa?


Qual Sidarta em ioga sobre o piso frio, a filha sorridente,
Pagando pena pelo craque d’antes,
Jorra em bicas sangue flúido de feridas “cem”,
Cujas cascas arrancara pro cruento sacrifício.
De repente se levanta e ascende à arquibancada
Pegando bonde com o amigo do irmão.
Este a sorrir inconseqüente.


Completa o quadro a ex-namorada,
Também sobre o piso frio esparramada,
Inda bela, meiga, mal contente,
À cena ausente.
De mim nada quisera, homoafetiva se revela.
Pior não fosse, pedófila donzela, atarracando ao peito
A neta da vizinha.
Também de pronto se levanta,
Escala a arquibancada arrastando a inocente.
Quando assentada, desnuda-se como àquela,
E põe-se a afagá-la no regaço em longo passe.


Na pia, nada de torneira. Todo mundo sorria.
Onde a porta do banheiro, o chuveiro, a luz
...o travesseiro?
             ...


A
Cord
Ei...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lamento d’alma

                                   dema

Que hoje se apague o sol,
que a lua brilhe noutros prados;
pra longe a visão do arrebol,
somente os pensares macabros.


Talvez seja efeito de El Ninho,
minha alma está seca e fria,
por certo há de estar doentia,
repugna-lhe amor ou carinho.


Que o céu se cubra de preto
com rajas de roxo e laranja,
tal como este poemeto
que a musa malvada me arranja.


Espero o troar do trovão
rasgando o silêncio maldito
e seguir o estrondar do tufão
o mais horripilante grito.


Ei, vulcão, derrame suas lavas,
devaste a planície ao redor!
Tsuname, destranque suas travas
e invada onde achar melhor!


Que o fogo devore a floresta
e destrua a vida que resta;
se movam as placas da terra
co o fim do que a era encerra.


Que as feras circundem esse antro
e suas garras arranhem minh’alma.
Ganindo, afugentem meu pranto
e advenha-me aos poucos a calma.


Que o amor, se for forte, enfrente
a tristeza interior e da mente;
se vencer, me reponha a alegria
pra aguardar o renascer do dia.


          ...

sábado, 13 de agosto de 2011

Se Marte me visita


dema

Tocou-me a campainha o vizinho,
que há milênios, bem me lembro, não o via.
Humorada fui fazer-lhe cortesia,
longo papo e uma taça do bom vinho.

Mas que aparência estranha, meu amigo,
o que em remotas eras foi comigo,
crateras se espalharam por tua face,
por que não maquiá-la pra disfarce?

Ao te ver, penso na moça-menina
que, em se olhando no espelho, lacrimeja:
onde a pele limpa, de veludo e fina,
que ao beijo da mamãe vira cereja?

É que tanta espinha me instiga,
ou quem te arrancou cravos profundos;
foram marcianos ou ETs de outros mundos,
que te fizeram feio por intriga?


Qual “porquê” desse vermelho carregado?
 Ah, sou curiosa, companheiro 
Por acaso teu PT andou zangado
ou te tornaste um comunista por inteiro?

Talvez haja um Marx marciano,
ou um Satanás que, por engano,
te tenha visitado e aí fincado
eterna moradia pro pecado.

Se bem não me pareças comunista
e nem tenhas cara de malvado,
apenas a feição tão esquisita,
mas sempre mui amigo, longe e ao lado.

De repente não sou boa anfitriã,
desse jeito esculhambado te inquirindo,
se meu manto azul-celeste vai cobrindo
malvadeza toda própria de vilã.

Perdoa-me o faltar com a gentileza,
pois que com galhofas eu te trato;
certo é termos a mesma natureza
e pra findar o papo me retrato.

domingo, 7 de agosto de 2011

RETORNO

                              




dema

  
De novo à pena da caneta,
Hoje teclado digital,
Pronto para cantar a dor,
Para cantar o amor,
Falar do bem e do mal.

Dar vida para a saudade,
Melhor entender a tristeza,
Denunciar toda maldade
E aquele que maltrata
Até a própria natureza.

Ser vate não é fácil mesmo,
Pois a inspiração é intermitente,
Por vezes ele vaga a esmo,
Nefelibata, qual demente.

Mas na escuridão da noite,
Vazia a alma a procurar
Os fados, fatos que emocionam
Qualquer gente em qualquer lugar,

Poeta, põe-se a soluçar.

Quimeras lhe oprimindo o peito,
Caçador de amores e ilusão,
Se o belo for o par perfeito,
Pr’outras plagas vai-se a profissão.

Pode ser que a felicidade
Esteja, sim, em buscar perfeição,
Trajetória de trabalho e dor,
Pra conquistar o amor
Em toda sua dimensão.

Eis aí a minha nobre sina,
Que só Deus pode iluminar,
Enviar-me a musa que ensina
Nessa trilha a desviar das minas e
A tecer uns versos soltos, loucos,
Mas que induzem um pouco
A aprender a amar.
                   ...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

XVI ENESER

29 a 31 DE JULHO DE 2011 – SEMINÁRIO R SANTO AFONSO – APARECIDA – SP

Mais uma vez: reencontro com Deus e com os amigos; confraternização; vivência de fé, de reconhecimento, de graças.
Mui lembrado e homenageado, como não poderia ser diferente, nosso saudoso Pe. Libardi. Mas a vida continua, embora se pense em dimensões distintas.
Nosso orientador espiritual, o amigo Pe. Antônio Dezidério Frabetti (Pe. Toninho). Para mim será sempre o Dezidério, mas se for o Orientador Permanente, tenho certeza de que será o ONZidério. Que o Espírito Santo o ilumine para que possa ajudar na condução desse rebanho de cabelos grisalhos (quem ainda os tem), porém, com muita lucidez e disposição. Que seu múnus lhe permita ser fator de unidade, nunca de dissenso.
Ademar, Camila e Daniel, saindo de Uberlândia (MG) para juntar-se aos amigos interestaduais, de RO a SC (Boquinha, você foi o máximo, ainda mais com o Laerte).
Rezamos, conversamos, rimos, nos divertimos. Excelente encontro no sábado de manhã, rito penitencial vespertino e música. Pena que perdemos o domingo, tivemos que sair cedo, mas soube que o encontro se fechou com chave de ouro – a celebração eucarística.
Notícias boas: a participação do Edélcio no domingo e a indicação de Onzidério para orientador.


Muito obrigado e parabéns aos organizadores (sem nome para não se cometer pecado).


Aguardamos o Retiro.


Vamos ver nossas fotos.
                                     

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Desmesurável

                                                    dema

A métrica do verso põe rédeas na mente,
trunca palavras doces e belas,
ata mordaça na alma inocente,
arvora-se em causa de muitas mazelas.


Ancila de regras que enquadram o poema
e coíbem, por vezes, o poeta nato
que, amante do belo, arrosta o dilema:
tornar-se seu servo ou sua tanato.


Regras se implantam, mas deixam janelas,
não se sobrepõem à alma do amante
que, na paixão, se alevanta gigante
para abater qualquer uma delas.


O amor não se prende à melhor das amarras,
dela se solta mui facilmente;
mostra irado suas próprias garras,
desata os nós da alma e da mente.


Destranca as travas com maestria,
pra em prosa ou verso jorrar poesia;
inda que rude, sem ritmo ou rima,
há de ser sempre uma obra prima.


O que pode, então, ao amor obstar
que se derrame em pujante cascata,
que se declame ante o sol e o luar,
ou de ser tema desta serenata?


Mede-se o verso, desmede-se o amor
razão do prazer, da dor e da flor,
advindo que é do senhor do Universo,
sem regras comanda a prosa e o reverso.
                   ........................

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Primazia do enquanto

                              dema

Sobre o antes e o depois
prima o enquanto.
Hoje, possível;
amanhã, talvez.

(Quem se foi deixou saudade
ou alívio)

Enquanto se vive,
se ama
se cuida, se entrega, se deseja,
se constrói.

(Nada mais pós traslado ao além)

Regra-lema:
agora, não depois;
hoje, não amanhã;
inda novo, não se velho;
produtivo, não inválido.

Enquanto se vive,
se alegra, se ri, se chora, se canta, se dança, se vibra,
se desfruta do viver.

Enquanto se dorme,
se sonha.

(Sonhar acordado: imaginário, utopia).

Enquanto se espera,
se busca.

(Esperança: móvel da conquista.
Sem ela: tédio,desespero).

Enquanto se vive,
não se morre.
Enquanto se morre,
debate-se em perder
o enquanto vivo.

Concomitância enquântica.

                  ...