domingo, 3 de maio de 2009

CAMINHANTE

DEMA
Seco o jardim das hespérides,
os pomos de ouro murchos
e Cupido, que fora buscar-me um fruto,
devorado.
Entrevejo aurora nova
num palco descortinando gosto de aventura,
perfume de tristeza.
Ando
sem virar-me sobre os rastros
pra não ver a estátua viva da felicidade morta
e não chorar.
Nas mãos, levo a despedida;
no peito, mágoa;
a mente, vaga.
Já passado o meio-dia,
rumo ao entardecer.
Peregrino no deserto,
pesado alforje, arriado dorso,
sem cajado, cambaleio
pela insossa trilha
da desesperança,
qual bêbado à procura da sobriedade.
Um roedor corre na idéia
com felino a mordiscar-lhe o rabo:
engraçado fato!
E a cristalina fonte no morro
é sulco na face lavada de lágrimas.
A caminho do crepúsculo,
vou só,
sob rigorosa seca lírica.
Ave!!!

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